Professor João Batista
Calixto comemora na UFSC |
Três décadas dedicadas ao ensino, pesquisa,
extensão e inovação
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O Super-Calixto |
Comemorar três décadas dedicadas
ao ensino, pesquisa, extensão e inovação,
em uma única universidade, e com uma trajetória
rica em resultados não é para qualquer
profissional.
Dr.
João Batista Calixto ou simplesmente
Professor Calixto – como é carinhosamente
chamado por seus alunos – é um exemplo
a ser seguido, um cientista completo. Com uma produção
científica invejável, trouxe importantes
contribuições tanto para a Farmacologia
brasileira quanto mundial. Formou prósperos
pesquisadores e já desenvolveu inúmeros
projetos em parceria com a indústria farmacêutica.
Durante suas férias, há cinco anos,
empenha-se em descobrir talentos, na rede pública,
para lapidar em seu laboratório.
“Calixto tem uma atuação absolutamente
original, única e pouco comum. Forma recursos
humanos desde a Graduação até a
Pós-Graduação. Interage com
a indústria e mais recentemente investe
na área da extensão, isso é admirável” -
elogiou Jorge Guimarães, presidente da CAPES,
que fazendo referência à inesgotável
produção de
papers do pesquisador,
alertou-brincando que “em Brasília
todos sabem quando Calixto entra de férias,
pois o número de publicações
cai sensivelmente”. Em julho desse ano, João
Batista Calixto recebeu da CAPES uma das premiações
que considera mais relevante em sua carreira -
o Prêmio Scopus Brasil, como reconhecimento
de sua significativa produção científica,
em função do número de citações
internacionais e das teses orientadas.
Foto: Arquivo Pessoal - J.B. Calixto |
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Prof. Calixto recebe Prêmio Inovação
da FINEP |
Em 2006, foi agraciado com o Prêmio Inovação
da FINEP, da Região Sul. Autor de diversas
patentes no Brasil e no exterior, Professor Calixto,
em conjunto com sua equipe de trabalho, participou
do desenvolvimento do primeiro antiinflamatório
fitoterápico nacional, o Acheflan®,
lançado no mercado, em 2005, pela Aché.
Recentemente, em parceria com a Natura, produziu
o Natura Chronus Flavonóides de Passiflora®,
um “cosmecêutico” inovador para
desacelerar o envelhecimento da pele. Duas premiações
subseqüentes, uma na área da indústria
e outra na academia, demonstra que é possível
fazer, ao mesmo tempo, ciência básica
e aplicada, rompendo com o que o próprio
Calixto chama de “falso dilema” do
pesquisador.
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Prêmio Scopus Brasil
na interseção entre o desenvolvimento
de produtos
e as publicações
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XXX CALESBE – Um evento comemorativo
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O
evento, criado em 1992, foi batizado especialmente
com este nome para homenagear
o catedrático. |
O Professor Calixto aproveitou a trigésima
edição do Calesbe – o Seminário
de integração do seu grupo de pesquisa – para
fazer uma retrospectiva de sua carreira e promover
o encontro “científico” entre
atuais e ex-alunos. O evento, criado em 1992, foi
batizado especialmente com este nome para homenagear
o catedrático. Segundo os estudantes, Calesbe
vem de
FESBE,
a Federação da Sociedade
de Biologia Experimental (www.fesbe.org.br/) que
realiza um importante congresso, de nível
internacional, englobando várias áreas
das Ciências Biológicas. Ao juntar
o “esbe” da FESBE, com o “Cal” de
Calixto, os alunos chegaram ao termo Calesbe, uma
forma criativa de dar uma atmosfera “célebre” e,
ao mesmo tempo, “familiar” ao evento,
de dimensões modestas, que é reeditado,
com sucesso, a cada semestre, na Universidade Federal
de Santa Catarina –
UFSC. Este ano, o encontro foi realizado nos dias 30
de novembro e 1 de dezembro.
Fotos: Lucia Beatriz Torres |
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Palestra
Jorge Guimarães(CAPES)
Mesa-redonda Universidade-Empresa
Conferência
Prof. Dr. Adair Rocha |
“Integrando o conhecimento para produzir
a Ciência” foi
a temática escolhida para permear a edição
comemorativa do XXX Calesbe, que pela primeira
vez foi aberto ao público externo. Jorge
Guimarães, representando a CAPES, inaugurou
o ciclo de palestras do evento, apresentando os
desafios e perspectivas para a Pós-Graduação
no Brasil. Uma mesa redonda, com representantes
da academia e da indústria farmacêutica,
foi programada propositalmente, por Calixto, para
provocar o debate, produtivo, sobre o processo
de interação universidade-empresa.
Sete “ex-pupilos” e atuais pesquisadores
de renome na área científica tiveram
o privilégio de apresentar mini-conferências
e reviver o momento “tenso” de responder
a sabatina feita pelo rigoroso Mestre.
Foto: Lucia Beatriz Torres |
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Prof. Dr. Juliano Ferreira
revive a sabatina do rigoroso Mestre |
“
Show-man” por natureza, Professor Calixto
fez a platéia se emocionar com a sua palestra “retrospectiva”,
especialmente preparada para a data, com direito
até a animação em
Power
Point - onde o anfitrião chegava à Florianópolis
surfando em sua prancha e transformava-se no “Super-Calixto”,
ao conquistar o posto de Professor Titular da UFSC.
Quem esteve presente teve a oportunidade de conhecer
um pouco da história dos bastidores da ciência,
aquela que não está escrita nos
papers.
Ao fazer um balanço de sua trajetória
como cientista, Calixto deu uma enorme contribuição
para o resgate da memória do Departamento
de Farmacologia da UFSC, fornecendo registros importantes
para preservar o patrimônio acadêmico
da ciência brasileira.
Foto: Lucia Beatriz Torres |
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Calixto fez uma retrospectiva de sua carreira
cientifica |
“Highlights” de uma carreira científica
de sucesso
Quando tudo começou...
João Batista Calixto nasceu no ano de 1949,
em Coromandel, Minas Gerais. Ainda menino ia todo
dia a cavalo para a escola, na cidade vizinha,
Patrocínio. Quando jovem, completou os seus
estudos em Belo Horizonte, onde fez o curso científico.
Na capital, a sua primeira lembrança é ter
se assustado com um prédio de 20 andares,
incomum na vida interiorana. Queria ser médico,
mas passou no vestibular para Ciências Biológicas,
na Universidade de Brasília (UNB). Colou
grau em 1973 e, no ano seguinte, já estava
fazendo mestrado em Farmacologia na Universidade
de São Paulo (UNIFESP). Em 1976, Calixto
foi conhecer o mar e tornou-se Professor Associado
da Federal Catarinense (UFSC). De 1982 a 1984,
fez doutorado na Universidade de São Paulo,
no Campus Ribeirão Preto (USP-RP) e, finalmente
em 1994, consagrou-se Professor Titular da UFSC.
De lá para cá, Professor Calixto
já soma mais de 30 anos de dedicação
a uma única universidade.
Duas pessoas que mudaram a sua vida
Um veio do meio urbano, da academia; o outro da
zona rural, da fazenda. Ambos de igual relevância
para a sua carreira científica. Professor
Caspar Erick Stemmer incentivou, e também
contribuiu, para que Calixto tivesse, em 1979,
o seu primeiro projeto na área de Plantas
Medicinais aprovado pela Central de Medicamentos
(CEME). Já o Sr. Manoel Crispim da Fonseca
apresentou “quatro batatas” do gênero
Mandevilla velutina e
falou para o Dr. Calixto pesquisar, que traria
resultados interessantes.
Em seu laboratório, o pesquisador fez
uma descoberta fantástica para a época – uma
droga antagonista (não-peptídica)
da bradicinina (que é um peptídeo) – responsável
pelos seus primeiros passos na interação
com a indústria farmacêutica.
Fotos: Arquivo Pessoal - J.B. Calixto |
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Prof. Stemmer e Sr. Manoel Crispim |
Fotos: Arquivo Pessoal -
J.B. Calixto |
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“Mandevilla
velutina" |
Parte aérea
da planta |
O relicário de 30 anos de profissão...
Professor Calixto guardou, com carinho, todos os
documentos que ajudaram a construir sua história
como cientista. As letras datilografadas e os
papéis amarelados são provas concretas
que ele exibe, com orgulho, principalmente os “primeiros”:
bolsas de pesquisa, cartas de recomendação,
participação em congressos, contratos,
publicações internacionais, patentes,
entre outros. Acha engraçado um certificado
que recebeu da Escola Paulista de Medicina, de
um curso de farmacologia, com 480 horas que,
por ser de nivelamento, não contou créditos
para a sua Pós-Graduação.
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“Ossos do Ofício”
Profissional extremamente capacitado, Dr. João
Batista Calixto já foi consultor “ad-hoc” do
CNPq, CAPES, Ministério da Saúde
e Anvisa. Só em 1990 começou a ser
chamado para revisar periódicos e hoje já acumula
centenas de revisões. “Isto dá um
trabalho danado e não entra em nenhum ranking da CAPES” – desabafou. Já foi
presidente da Sociedade Brasileira de Farmacologia
e Terapêutica Experimental – SBFTE
e participou da organização
de inúmeros congressos. Professor Calixto
dá um destaque especial para o I Workshop
de Fármacos & Medicamentos, realizado
em São Paulo, em 2004, onde foi produzido
um dossiê apontando oportunidades para a
inovação na indústria farmacêutica,
bem como subsídios para a formulação
de políticas públicas na área
de fármacos e medicamentos.
Contribuições para o patrimônio
científico
Atualmente o Brasil é considerado o 15º.
no ranking dos países produtores de conhecimento
no mundo. Especula-se que o Professor Calixto e
seus discípulos possam ter uma parcela de
responsabilidade por esses números. Em 1991,
colaborou para que fosse criado o Programa de Pós-
Graduação em Farmacologia da UFSC
e se tornou o seu primeiro diretor. No transcorrer
do tempo, 150 teses já foram publicadas.
Hoje, Calixto congrega, em seu laboratório,
cerca de 40 pesquisadores, entre técnicos,
alunos de pré-iniciação e
iniciação científica, mestrado,
doutorado e pós-doutorado. Pelas suas contas,
142 estudantes já passaram por seu grupo
de pesquisa, entretanto, nenhum teve a oportunidade
de se fixar no seu departamento. Fato que se configura,
no momento, como uma de suas preocupações: “Muitos
estão contratados, mas em outras universidades,
outros setores, não aqui no nosso departamento.
Conclusão, no dia em que me aposentar, o
meu laboratório vai ficar sem dono, teoricamente”,
lamentou.
Foto: Lucia Beatriz Torres |
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A atual “familia” acadêmica
do Prof. Calixto |
O segredo da interação Universidade-Empresa
Com vasta experiência em Farmacologia, com ênfase
na pesquisa da dor, inflamação e
em princípios ativos de plantas, o Professor
Calixto é uma referência na interação
universidade-empresa. Ao todo, já desenvolveu
40 projetos em parceria com as indústrias
farmacêuticas nacionais e internacionais.
Confessa que, no início, cometeu algumas
gafes divulgando, em Congressos, pesquisas que
desenvolvia com a indústria, mas desenvolveu
um método para conciliar o sigilo com as
publicações. Metade do seu laboratório
trabalha com pesquisa fundamental, formando recursos
humanos e publicando resultados e a outra, geralmente
composta por pós-docs e técnicos,
interage com a indústria, de forma confidencial. “As
dificuldades são muitas, o tempo da indústria é diferente
do da academia, mas o pesquisador precisa ter responsabilidade
para transformar o que descobriu na bancada em
benefício para a sociedade. Só através
da interação com a indústria
isso será possível”, revelou.
Foto: Lucia Beatriz Torres |
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A difícil arte de publicar papers
e desenvolver parcerias com a indústria |
“Curso de Férias” – a
arte de descobrir novos talentos em farmacologia
Em sua carreira, Professor Calixto nunca se acomodou.
Há cinco anos percebeu que fazer ciência
básica e desenvolver medicamentos, em parceira
com a indústria, era pouco. Resolveu abandonar
o conforto de suas férias para dedicar-se à extensão.
O “curso de férias” sobre os
medicamentos é destinado a professores e
alunos da rede pública, que têm a
possibilidade de vivenciar, na prática,
as atividades do laboratório, aprendendo,
de forma lúdica, os princípios básicos
da Farmacologia. “Mais do que popularização
da Ciência e Tecnologia, esse projeto é de
inclusão social, uma forma de desenvolver
talentos, novas aptidões”, ressaltou.
Docentes e discentes que se destacam no curso recebem
bolsa para estagiar em seu laboratório. É possível,
que desse projeto inovador, apareçam futuros “Calixtos”,
até então ocultos na comunidade,
interessados em seguir o legado científico
do seu ilustre mentor.
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"Curso de
Férias”- a doce descoberta
de um talento científico |
EXTRA
=> Algumas “Pérolas” de
Calixto
“Minha mulher fala que, quando eu morrer, vou
ter que ser enterrado em dois caixões. Um para
o meu corpo e um outro para colocar os trabalhos”.
“Tive que fazer um esforço extraordinário
de memória para fazer esta palestra retrospectiva,
foi bom para confirmar que não estou com
Alzheimer ainda”.
Foto: Lucia Beatriz Torres |
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Casal Calixto
- sucesso no amor e na carreira científica |
=> Estratégia de Sobrevivência
“Quando a coisa aperta eu corro para
a fazenda, o lugar em que eu nasci, para recarregar
as baterias”.
=> Cupido-Calixto
“Tem gente que entra aqui, no meu laboratório,
só para arrumar namorado. Até tentam
esconder de mim, mas, no final, eu acabo descobrindo
tudo. Já fui padrinho de alguns casamentos”.
Foto: Lucia Beatriz Torres |
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Calixto apresenta o mais novo casal do seu
Grupo de Pesquisa |