Brasileiros
sintetizam substância anticancerígena
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Nova
molécula age contra tumores resistentes a outras drogas
e poupa células sadias
Uma nova substância anticancerígena eficaz mesmo em
células resistentes aos agentes quimioterápicos comuns
foi sintetizada a partir de compostos encontrados
na natureza. Responsáveis pelo trabalho, pesquisadores
do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (NPPN/UFRJ) acreditam que
este será um reforço importante no combate à leucemia.
O novo composto é "inspirado" em um agente de defesa
contra infecções de vírus e bactérias produzido pela
flor da espécie norte-americana Petalostemon purpurea.
A substância natural, velha conhecida dos cientistas
por sua atividade antitumoral, foi sintetizada pela
primeira vez pelos pesquisadores da UFRJ e, nos testes
realizados no Laboratório de Imunologia Tumoral do
Departamento de Bioquímica Médica, chamou a atenção
por sua atividade em células de leucemia resistentes
a diversas drogas.
"A substância mostrou-se também inofensiva para as
células normais, ponto em que a maioria dos 'candidatos'
a anticancerígenos esbarra: exterminam as células
danosas, mas são extremamente tóxicos para as células
saudáveis", explica o farmacêutico Paulo Roberto Ribeiro
Costa, coordenador da pesquisa.
Em busca de um composto ainda mais ativo, os pesquisadores
decidiram elaborar uma nova molécula, que reunisse
propriedades da substância recém-sintetizada e do
lapachol, molécula encontrada nas raízes do ipê roxo
que já foi utilizada como anticancerígeno, mas apresenta
alto grau de toxicidade para o organismo. A elaboração
do novo composto permitiu potencializar os efeitos
benéficos das duas moléculas e reduzir as desvantagens
do medicamento, como indicaram os testes in vitro,
realizados em culturas de células leucêmicas.
O Laboratório de Química Bioorgânica da UFRJ está
preparando maior quantidade do novo composto, batizado
pterocarpanoquinona. Os pesquisadores já iniciaram
os testes in vivo, em camundongos com leucemia. Com
esses testes, eles conhecerão a eficácia do tratamento
e o grau de toxicidade da substância. Esse passo é
essencial para a realização de testes em animais maiores
ou seres humanos, que devem avaliar também os efeitos
colaterais gerados pela medicação.
Embora a nova molécula tenha sido sintetizada no âmbito
de um amplo projeto com fins acadêmicos que envolve
vários pesquisadores, o grupo pretende aprimorar a
substância para o uso clínico e patentear o composto.
Pode levar anos, porém, para a chegada do medicamento
ao mercado. "A indústria precisa dos resultados dos
ensaios em vivo, que estão em andamento. Acredito
que em maio teremos novidades sobre o ensaio", ressalta
o farmacêutico Alcides José Monteiro da Silva, da
equipe do NPPN. Ainda segundo ele "a Universidade
deve apontar os caminhos, mas não tem infra-estrutura
para produzir os medicamentos, por isso dependemos
de parcerias com a indústria ou órgãos do governo",
explica.
Fonte
Ciência Hoje On-line
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