|
|
IVFRJ
On Line - 10ª
Edição
|
Pesquisadores
brasileiros desenvolvem nanomedicamento para
combater leishmanioset
|
Cápsulas
miniaturas e biodegradáveis agirão dentro das células
parasitadas
Imagine
cápsulas microscópicas de medicamentos, circulando
em nossa corrente sanguínea, prontas para combater
parasitos invasores. A cena, que mais parece saída
de um filme de ficção científica, está prestes a se
tornar realidade graças a pesquisa da professora Bartira
Rossi Bergmann e sua equipe do Laboratório de Imunofarmacologia,
do Instituto de Biofísica da UFRJ. Os pesquisadores
testam o uso de moléculas sintéticas de chalcona,
flavonóides comumente produzidos por plantas, encapsuladas
em nanopartículas biodegradáveis. Nesta nova forma,
o composto poderá agir dentro da célula parasitada
sendo mais eficiente contra o parasito da leishmaniose
cutânea.
A
equipe da professora Bartira está tentando melhorar
e produzir sinteticamente a molécula de chalcona
natural. "Já identificamos pelo menos duas moléculas
ainda mais seletivas contra o parasito, já patenteadas.
|
|
Uma delas está sendo utilizada como droga protótipo
neste projeto, mas continuamos buscando melhorar ainda
mais sua atividade com estudos de estrutura / atividade
e síntese", explica a pesquisadora.
Para que o combate à doença seja ainda mais eficiente
nas formas intracelulares dos parasitos, os pesquisadores
buscaram uma solução na inovadora nanotecnologia,
com o apoio da Rede de Nanobiotecnologia do CNPq.
"Como a chalcona tem um efeito muito maior sobre os
parasitos livres que sobre as formas intracelulares,
imaginamos que ela poderia ser carreada para dentro
das células parasitadas de uma forma mais eficiente
se estivesse encapsulada em nanopartículas fagocitáveis
e biodegradáveis", revela a professora Bartira.
O fato da leishmania parasitar exclusivamente os macrófagos
ou leucócitos, que são células fagocíticas, "torna
o uso de formulações particuladas uma excelente ferramenta
para tratar a doença. Isto porque o fármaco é dirigido
quase que exclusivamente para os macrófagos, poupando
outras células, reduzindo os possíveis efeitos colaterais
e permitindo uma menor dosagem", completa ela.
No momento, os pesquisadores estão otimizando as condições
de encapsulamento de uma das chalconas sintéticas
mais ativas em microesferas de quitosana e em dendrímeros
de poli-amidoamina (PAMAM). "Estas etapas de encapsulamento
do fármaco está sendo feita respectivamente pela professora
Vanessa Furtado do Instituto de Química da UFRJ e
pela Dra Maria Ines Ré do Instituto de Pesquisa Tecnológica
de São Paulo (IPT) e avaliadas em ensaios sobre células
infectadas para depois testarmos em animais", anuncia
a pesquisadora.
Quanto aos benefícios, o novo medicamento se mostra
bastante promissor. " As chalconas com as quais estamos
trabalhando são de síntese mais fácil que as já descritas
com atividade antileishmania, o que facilitará a sua
produção em grande escala. São moléculas bastante
estáveis que suportam bem os processos de encapsulamento
em nano e microesferas" afirma a professora Bartira.
Uma outra vantagem é que este fármaco poderá servir
como alternativa terapêutica aos antimoniais pentavalentes,
as drogas de primeira escolha para tratamento da leishmaniose
há mais de 50 anos, e que apresentam algumas formas
bastante tóxicas.
Tecnologia 100% nacional
A idéia das nanocápsulas está se mostrando cada
vez mais viável. O professor Eduardo Caio Torres dos
Santos, em seu doutoramento, verificou que a eficácia
da chalcona no tratamento da leishmaniose cutânea
de camundongos era significativamente aumentada quando
esta se apresentava encapsulada em nanopartículas
de poli-ácido lático (PLA). No entanto, o PLA é um
polímero importado e seu alto custo poderia inviabilizar
o desenvolvimento de um medicamento para tratamento
de uma doença típica de países pobres.
Para driblar o alto custo do PLA, os pesquisadores
estão testando o potencial farmacêutico de um plástico
biodegradável para uso como micropartículas. Trata-se
de um biopolímero de poliidroxialcanoato produzido
por bactérias que já é produzido com tecnologia 100%
nacional para uso em embalagens biodegradáveis. "Os
resultados em animais têm mostrado que as microesferas
feitas com este biopolímero são bastante biocompatíveis.
Se os resultados continuarem favoráveis, teremos um
material bem mais barato que os atualmente no mercado
para produção de microesferas", anima-se Bartira
|
|
|
|
|
|
|
|
Visitantes:
|
|
|
|