Alimento
saudável e ecologicamente correto
|
Pesquisadores
desenvolvem alimento enriquecido de vitamina A que
aproveita rejeitos da indústria pesqueira.
Um alimento bom para a saúde e para o meio ambiente.
Este será o resultado do trabalho da equipe da professora
Cristina Tristão de Andrade, do Instituto de Macromoléculas
(IMA) da UFRJ, que desenvolve condições para a produção
de alimentos enriquecidos com microcápsulas de vitamina
A, que aproveita grãos quebrados de arroz e rejeitos
da indústria pesqueira, como cascas de camarão.
Os pesquisadores estão investindo no enriquecimento
de cereais matinais e "snacks", que têm ampla aceitação
por adultos e jovens. Esses alimentos são produzidos
a partir de amido de milho ou de batata, por um processo
chamado extrusão. Este é um processo pelo qual um
material sofre modificações químicas, físicas e morfológicas
durante a sua passagem por uma espécie de tubo, por
ação de pressão. Neste trabalho inédito, a professora
Cristina usa o amido de arroz, a partir de grãos quebrados
produzidos durante o beneficiamento do cereal. O amido
entra na extrusora (equipamento usado) sob a forma
de grãos semicristalinos e sai sob a forma de massa
amorfa, como na fabricação de massas.
Segundo a professora Cristina, além dos evidentes
benefícios para a saúde, a pesquisa dará origem a
uma Tese de Doutorado, o que significa formação de
recursos humanos. Outra vantagem é o processo de extrusão
considerado rápido e de baixo custo, após um investimento
inicial na aquisição do extrusor. Os grãos quebrados
de arroz têm baixo valor comercial e, finalmente,
o aproveitamento de rejeitos da indústria pesqueira,
como cascas de camarão, na produção de quitosana,
um polímero natural, constitui-se em benefício para
o meio ambiente. "Teremos um produto enriquecido com
vitamina A que poderá ser produzido com baixo custo",
afirma a professora.
|
Prof.
Cristina Tritão e Equipe IMA/UFRJ
|
Saudável e barato
O primeiro obstáculo a ser vencido pela equipe foi
o processo de extrusão que, mesmo durante o curto
período de tempo usado, normalmente degradaria a vitamina
A, com a qual se deseja enriquecer o produto. "Assim,
entendemos que a vitamina precisava ser protegida
contra a ação do calor e do cisalhamento (força exercida
paralelamente à superfície). E um método de proteção
de substâncias sensíveis é a encapsulação, que significa
formar uma espécie de envelope selado, de material
polimérico, que não sofra a ação do calor e das demais
condições de processamento", explica Cristina.
Entre as várias técnicas existentes para a encapsulação
de óleos e fármacos, os pesquisadores escolheram a
que faz uso dos chamados coacervatos insolúveis. Os
coacervatos insolúveis são complexos formados entre
polímeros ionizáveis, que possuem cargas opostas distribuídas
mais ou menos uniformemente ao longo de suas cadeias.
Os polímeros podem ser sintéticos, produzidos a partir
de derivados do petróleo; no entanto, o trabalho da
equipe do IMA usa polímeros naturais, encontrados
em algas, como o alginato, ou em cascas de frutas
cítricas, como as pectinas, e obtidos a partir de
cascas de crustáceos, como a quitosana. "Dessa forma,
a vitamina A será encapsulada em coacervato, o qual
será homogeneizado em farinha de arroz, e a mistura,
finalmente, será processada por extrusão para fornecer
os cereais matinais ou "snacks" enriquecidos", simplifica
a professora Cristina.
|
|