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IVFRJ On Line - 14ª Edição
Jardins Orgânicos fornece medicamentos à rede municipal de saúde
Além do cunho social, o programa ajuda a capacitação de profissionais, resgate da medicina alternativa e a recuperação de áreas abandonadas na região

JOST, Jardins Orgânicos de Santa Teresa.

Esse é nome do projeto que há 7 meses é realizado no bairro com o objetivo de suprir a falta de medicamentos no posto de saúde Ernani Agrícola além de difundir e resgatar o uso da medicina alternativa. Segundo Uendel Barreiros, de 31 anos, farmacêutico responsável pelo projeto, o JOST teve início a partir do Programa de Medicina Alternativa da Secretaria Municipal de Saúde, que há 15 anos deu início ao Programa de Fitoterapia. "A proposta adotada pelo Programa de Fitoterapia teve como base o programa Farmácia Viva, realizado no Ceará. Inicialmente havia apenas uma oficina farmacêutica, na Ilha do Governador. Com resultados satisfatórios, outras oficinas foram surgindo e atualmente existem 7 oficinas de medicina alternativa funcionando em outros locais do município, todas com farmacêuticos e oficiais de farmácia concursados", afirma Uendel.

Depois de 10 anos, segundo o farmacêutico e bioquímico formado pela UFRJ, foi preparada uma ementa com o objetivo de descentralizar as oficinas da secretaria, tentando torná-las auto-suficientes. No caso da oficina de Santa Teresa, antes de começarem a conquistar a autonomia, já havia surgido a idéia de criação do JOST, a partir dos grupos de fitoterapia, formados por profissionais e moradores da comunidade, que discutem o uso da medicina alternativa no bairro. "O JOST surgiu da idéia de um participante, que sugeriu que fossem utilizadas as plantas da casa dele. No entanto, como iríamos saber que as plantas da casa eram realmente as plantas necessárias? Fazer estudos e reconhecimentos das plantas teria um custo muito alto para o projeto, já que precisamos de plantas certificadas para poder preparar os medicamentos", diz. No entanto, quando a idéia começou a se espalhar, o Grupo Cama e Café, que fornece moradia a turistas que visitam Santa Teresa, procurou os grupos de discussão para viabilizar formas de realização do projeto. "Eles forneceram os jardins de suas casas para que pudéssemos plantar as mudas certificadas que vinham da Fazenda Modelo da Prefeitura, em Sepetiba. Assim, em meados de 2004, apresentamos um projeto mostrando quantas residências iriam participar, quantos jardineiros seriam necessários para cada residência, qual seria o custo para cada casa, e o que da produção total seria destinado ao posto de saúde."


Treinamento e capacitação


O projeto teve início em setembro de 2004, com o treinamento e capacitação dos jardineiros na Fazenda Modelo. Em novembro, as mudas certificadas, que foram preparadas durante os treinamentos, começaram a ser levadas às casas do bairro."Já são quase sete meses de JOST e estamos tendo um retorno bastante satisfatório", afirma o responsável pela unidade Ernani Agrícola.

No posto de saúde, funciona o laboratório onde são preparadas várias formulações a partir de tinturas. A matéria prima vegetal chega na oficina e é processada até produzir a tintura, cujo princípio ativo é extraído com um solvente de solução alcoólica (60% álcool em água), seguindo os padrões ideais. A partir dessas tinturas são preparados os medicamentos que podem ser de uso tópico (cremes, pomadas e géis) e de uso interno. Além disso, são preparados também óvulos vaginais, feitos de Calêndula.

O elenco das plantas utilizadas na unidade Ernani Agrícola, foi preconizado conforme a demanda. "Trabalhamos com Maracujá, Erva Cidreira, Erva Baleeria, de poder calmante, Boldo, Melão de São Caetano, Arruda, que somados tornam-se soluções contra piolhos, e Curcuma (anti-hipercolesterolemia). Estamos tentando aclimatar também a Arnica Brasileira, que possui propriedade anti-inflamatória", diz Uendel.

Uma das grandes conquistas do JOST é a criação do xarope anti-expectorante, que não existia na rede municipal de saúde. "Estamos muito orgulhos também de termos preparado uma pomada de Calêndula para assadura de crianças. Foi um sucesso. Conseguimos atender à demanda, que na época era muito grande. Conseguimos criar uma solução para o problema".

Ele explica que antes de utilizar qualquer um dos medicamentos fitoterápicos, o paciente passa pela consulta médica e precisa de receita para que o remédio seja liberado. "Dos 24 médicos da unidades, 20 sempre prescrevem nossos medicamentos", afirma.


Papel social


Segundo Uendel, o sucesso do JOST deve-se também ao fato de além de ter um cunho social com o posto de saúde, fornecendo medicamentos gratuitamente aos moradores, ele capacita e forma jardineiros da comunidade. Além disso, áreas que eram utilizadas como depósitos de entulho e canteiros de obra, viraram hortas que têm uma produção bastante rica e que podem se tornar modelos de horta urbana, como a do Condomínio Eqüitativa, na rua Almirante Alexandrino, por exemplo. "Durante o projeto, ocorreram coisas que não imaginávamos. A transformação que podemos proporcionar pode ser feita em diversas esferas".

De acordo com o farmacêutico, o objetivo agora é tentar desonerar as residências, que atualmente gastam cerca de 200 reais para pagar o jardineiro e fazer com que o JOST se torne cada vez mais auto-suficiente. "O projeto está caminhando bem, fizemos uma fotografia das regiões e estamos fazendo um relatório tentando adequar tudo e ver as dificuldades que temos. Nosso posto já é auto-suficiente em muitas coisas", diz.

A Fazenda modelo da Prefeitura foi desfeita em abril e atualmente a Secretaria Municipal de Saúde já quase não participa do processo; o que para o farmacêutico tem lados positivos e negativos: "com a descentralização, você aproxima a oficina da administração do posto. No entanto, as informações ficam estanques, o que dificulta a padronização de todas as unidades. Cada unidade ser auto-suficiente é muito bom, mas um programa que não é uniforme, não é um programa", justifica Uendel.

Com cerca de 400 moradores beneficiados, a idéia dos Jardins Orgânicos de Santa Teresa não é somente aumentar o número de pacientes que utilizam a medicina alternativa, mas sim difundir e resgatar o uso de plantas medicinais, que segundo Uendel perdeu força a partir do momento em que as indústrias farmacêuticas tomaram conta do mercado. "É preciso deixar claro que o uso de plantas medicinais é discutido com a população e que o pilar do nosso projeto é o auto-cuidado e a medicina preventiva", finaliza.


As reuniões de discussão sobre o uso da medicina alternativa são realizadas todas as quartas-feiras, das 10h ao meio-dia, no próprio posto de saúde Ernani Agrícola, na Rua Constantino Jardim, nº 6.

FAPERJ

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