Microbicida
fluminense pode agir contra a AIDS |
Gel
intravaginal desenvolvido por laboratório da UFF é
candidato promissor à prevenção do vírus HIV
O gel intravaginal desenvolvido por um grupo de
pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF),
em parceria com outras entidades, é uma esperança
de prevenção da AIDS. O triol, substância ativa
do gel, é um diterpeno extraído de algas marinhas
coletadas no Atol das Rocas (RN), que impede a multiplicação
do vírus HIV - atuando na enzima transcriptase -,
levando-o à morte. Em uma célula sadia, o triol
não é tóxico, mantendo-se estável por vários dias
e impedindo a multiplacação do HIV caso o organismo
seja contaminado, elementos que contribuem para
o seu status preventivo.
A pesquisa com algas teve início em 1996 no laboratório
da Professora Doutora
Valéria Laneuville Teixeira.
O primeiro trabalho formal foi uma dissertação de
Tese de Mestrado sobre os diterpenos da alga parda
marinha Dictyota menstrualis. Em seguida
estas substâncias foram utilizadas em uma pesquisa
para avaliar seu potencial antiviral em relação
à Transcriptase reversa do vírus HIV-1. Os resultados
foram promissores. Hoje o laboratório da professora
trabalha com oito tipos diferentes da alga s
e resultados preliminares já apresentam bons indícios
de novas substâncias.
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Dictyota pfaffii
(com refringência azul debaixo d’água)
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Com a patente do triol já em curso, a professora
da UFF explica os objetivos do futuro microbicida.
"Pense no terceiro mundo. O homem nem sempre quer
usar camisinha - machismo e ignorância estão sempre
associados. O gel não iria substituir a camisinha,
lógico que não, mas seria uma estratégia para as
mulheres se preservarem", explicou.
O laboratório da Professora Valéria é encarregado
de coletar as algas, identificá-las, isolar a substância
ativa, fazer a elucidação estrutural e as transformações
químicas necessárias. Outras etapas do processo
produtivo do gel ficam à cargo dos outros grupos
da parceria, que conta com outro laboratório da
Federal Fluminense, o Instituo Oswaldo Cruz, a Fundação
Ataulfo de Paiva e a Saint George's Medical School.
"Estamos desenvolvendo uma nova parceria com a UFRJ
para o estudo do triol e outros diterpenos de variadas
espécies de Dictyota, utilizando HIV resistentes
ao coquetel atual, além da parceria com os ingleses",
afirma Valéria.
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Atol das Rocas (local de
coleta)
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Nos Estados Unidos e na Europa, as pesquisas com
algas e microbicidas não têm apresentado resultados
satisfatórios. E com a patente já em curso, há grande
chances de, no futuro próximo, haver um medicamento
nacional contra a AIDS: "Continuamos apostando no
gel, mas também estamos direcionando a pesquisa
para a formulação de uma droga via oral", conclui
a doutora.