IVFRJ On Line - 45ª Edição
Ano III - 09 de maio de 2007
Microbicida fluminense pode agir contra a AIDS
Gel intravaginal desenvolvido por laboratório da UFF é candidato promissor à prevenção do vírus HIV

Por Matheus Fierro

O gel intravaginal desenvolvido por um grupo de pesquisa da Universidade Federal Fluminense (UFF), em parceria com outras entidades, é uma esperança de prevenção da AIDS. O triol, substância ativa do gel, é um diterpeno extraído de algas marinhas coletadas no Atol das Rocas (RN), que impede a multiplicação do vírus HIV - atuando na enzima transcriptase -, levando-o à morte. Em uma célula sadia, o triol não é tóxico, mantendo-se estável por vários dias e impedindo a multiplacação do HIV caso o organismo seja contaminado, elementos que contribuem para o seu status preventivo.

A pesquisa com algas teve início em 1996 no laboratório da Professora Doutora Valéria Laneuville Teixeira. O primeiro trabalho formal foi uma dissertação de Tese de Mestrado sobre os diterpenos da alga parda marinha Dictyota menstrualis. Em seguida estas substâncias foram utilizadas em uma pesquisa para avaliar seu potencial antiviral em relação à Transcriptase reversa do vírus HIV-1. Os resultados foram promissores. Hoje o laboratório da professora trabalha com oito tipos diferentes da alga s e resultados preliminares já apresentam bons indícios de novas substâncias.

Dictyota pfaffii (com refringência azul debaixo d’água)

Com a patente do triol já em curso, a professora da UFF explica os objetivos do futuro microbicida. "Pense no terceiro mundo. O homem nem sempre quer usar camisinha - machismo e ignorância estão sempre associados. O gel não iria substituir a camisinha, lógico que não, mas seria uma estratégia para as mulheres se preservarem", explicou.

O laboratório da Professora Valéria é encarregado de coletar as algas, identificá-las, isolar a substância ativa, fazer a elucidação estrutural e as transformações químicas necessárias. Outras etapas do processo produtivo do gel ficam à cargo dos outros grupos da parceria, que conta com outro laboratório da Federal Fluminense, o Instituo Oswaldo Cruz, a Fundação Ataulfo de Paiva e a Saint George's Medical School. "Estamos desenvolvendo uma nova parceria com a UFRJ para o estudo do triol e outros diterpenos de variadas espécies de Dictyota, utilizando HIV resistentes ao coquetel atual, além da parceria com os ingleses", afirma Valéria.

Atol das Rocas (local de coleta)

Nos Estados Unidos e na Europa, as pesquisas com algas e microbicidas não têm apresentado resultados satisfatórios. E com a patente já em curso, há grande chances de, no futuro próximo, haver um medicamento nacional contra a AIDS: "Continuamos apostando no gel, mas também estamos direcionando a pesquisa para a formulação de uma droga via oral", conclui a doutora.


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