IVFRJ On Line - 46ª Edição
Ano III - 30 de maio de 2007
Dengue e Uso Correto dos Medicamentos de Venda Livre
 
Por Lucia Beatriz 

A dengue é uma doença viral, de natureza inflamatória, que apresenta sintomas que podem ser confundidos facilmente com uma gripe: febre alta, dor de cabeça e nos olhos, muita dor no corpo (músculos e articulações), falta de apetite. O perigo está no fato de que alguns medicamentos usados para o alívio dos sintomas da gripe podem conter princípios ativos, como o Ácido Acetil Salicílico, que são contra-indicados para pacientes com dengue.

Como a comprovação do diagnóstico só pode ser feita através da sorologia, que começa a ficar reativa a partir do quarto dia de doença e ainda não há fármacos desenvolvidos especificamente para se manejar a dengue, é necessário, e extremamente útil, saber como os princípios ativos dos medicamentos de venda livre nas farmácias podem reagir em nosso organismo.

O IVFRJ On Line convidou a professora Selma Castilho Rodrigues, do Centro de Apoio à Terapia Racional pela Informação de medicamentos da Universidade Federal Fluminense* (CEATRIM/UFF), para explicar quais os principais cuidados que devem ser tomados, em caso de suspeita de dengue, no que diz respeito ao uso correto dos medicamentos anti-térmicos e analgésicos, de venda livre nas farmácias.


Quais os principais motivos para não se usar o Ácido Acetil Salicílico (AAS) em casos de suspeita de dengue?

CEATRIM O Ácido Acetil Salicílico (ou simplesmente AAS) e outros medicamentos associados a ele, não devem ser usados em caso de dengue pelo fato de potencializarem o risco de sangramento, uma situação a que o portador da dengue já está sujeito. Isto acontece por se tratar de um medicamento que além de analgésico, antipirético, anti-reumático, antiinflamatório é também um antiagregante plaquetário.


Em caso de dengue, em substituição ao AAS, as pessoas geralmente tendem a administrar o PARACETAMOL. Quais os principais riscos embutidos no consumo excessivo deste fármaco?

CEATRIM: O uso excessivo de paracetamol, em doses muito altas, pode causar lesão hepática, visto sua relevante hepatotoxicidade. Por isso é importante reforçar ao paciente a necessidade de que o medicamento seja tomado rigorosamente nas doses e no intervalo prescrito pelo médico. A associação entre a ingestão crônica de álcool, em níveis de 3 ou mais drinques por dia, aumenta o risco de hepatotoxicidade quando associada ao consumo do paracetamol.


Em substituição ao AAS, em casos de dengue, a DIPIRONA também é muito utilizada. Ela é um fármaco extremamente controverso na comunidade científica. Quais as vantagens e desvantagens do uso da DIPIRONA?

CEATRIM: A dipirona apresenta reações adversas que, embora raras, são graves e que exigiriam um uso muito mais criterioso do que o que se observa no Brasil. Sua principal vantagem é a excelência na ação analgésica e antitérmica, sendo um dos medicamentos que mais rapidamente age sobre a redução da febre. No entanto, a dipirona pode causar erupções na pele semelhantes àquelas causadas pelo quadro da dengue. Além disso, entre seus efeitos adversos encontram-se hemorragia gastrintestinal e queda da pressão arterial que poderiam também ser um problema para os pacientes com dengue. Assim, o seu uso deve ser ainda mais criterioso no quadro da dengue.



Saiba mais:Em dezembro de 2006, o CEATRIM preparou um boletim sobre a Dengue, que foi distribuído a todos os farmacêuticos do estado encartado na Revista RIOPHARMA.

No informativo “Dengue e Orientação Farmacêutica – o papel do farmacêutico na sua promoção” são relatados aspectos importantes da dengue, com destaque para:

- As manifestações clínicas da doença (principalmente no que diz respeito à dengue hemorrágica);
- As diversas formas de diagnóstico;
- Manifestações no paciente a que a farmácia deve estar atenta (atenção especial deve ser tomada quando a febre começa a ceder);
- As diversas formas de tratamento da dengue a base de anti-térmicos e analgésicos;
- Quadro com medicamentos a base de Ácido Acetil Salicílico que devem ser evitados em caso de suspeita de dengue.

*CEATRIM:
Criado em 1999, fruto de uma parceria entre a Faculdade de Farmácia da UFF e o Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), o CEATRIM tem o objetivo de atender a solicitações de informação tanto de profissionais de saúde quanto da população em geral para o esclarecimento quanto ao uso racional de medicamentos. Trabalha também com a lógica da formação continuada dos farmacêuticos, visto que as farmácias são unidades de saúde que precisam assumir sua função sanitária de orientação à população.

Tel: (21) 2629-9600 / 2629-9451


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