Dengue
e Uso Correto dos Medicamentos de Venda Livre |
A
dengue é uma doença viral, de natureza inflamatória,
que apresenta sintomas que podem ser confundidos
facilmente com uma gripe: febre alta, dor de cabeça
e nos olhos, muita dor no corpo (músculos e articulações),
falta de apetite. O perigo está no fato de que alguns
medicamentos usados para o alívio dos sintomas da
gripe podem conter princípios ativos, como o Ácido
Acetil Salicílico, que são contra-indicados para
pacientes com dengue.
Como a comprovação do diagnóstico só pode ser feita
através da sorologia, que começa a ficar reativa
a partir do quarto dia de doença e ainda não há
fármacos desenvolvidos especificamente para se manejar
a dengue, é necessário, e extremamente útil, saber
como os princípios ativos dos medicamentos de venda
livre nas farmácias podem reagir em nosso organismo.
O IVFRJ On Line convidou a
professora Selma
Castilho Rodrigues, do Centro de Apoio à
Terapia Racional pela Informação de medicamentos
da Universidade Federal Fluminense* (CEATRIM/UFF),
para explicar quais os principais cuidados que devem
ser tomados, em caso de suspeita de dengue, no que
diz respeito ao uso correto dos medicamentos anti-térmicos
e analgésicos, de venda livre nas farmácias.
Quais os principais motivos para não se usar
o Ácido Acetil Salicílico (AAS) em casos de suspeita
de dengue?
CEATRIM O Ácido Acetil Salicílico
(ou simplesmente AAS) e outros medicamentos associados
a ele, não devem ser usados em caso de dengue pelo
fato de potencializarem o risco de sangramento,
uma situação a que o portador da dengue já está
sujeito. Isto acontece por se tratar de um medicamento
que além de analgésico, antipirético, anti-reumático,
antiinflamatório é também um antiagregante plaquetário.
Em caso de dengue, em substituição ao AAS, as
pessoas geralmente tendem a administrar o PARACETAMOL.
Quais os principais riscos embutidos no consumo
excessivo deste fármaco?
CEATRIM: O uso excessivo de paracetamol,
em doses muito altas, pode causar lesão hepática,
visto sua relevante hepatotoxicidade. Por isso é
importante reforçar ao paciente a necessidade de
que o medicamento seja tomado rigorosamente nas
doses e no intervalo prescrito pelo médico. A associação
entre a ingestão crônica de álcool, em níveis de
3 ou mais drinques por dia, aumenta o risco de hepatotoxicidade
quando associada ao consumo do paracetamol.
Em substituição ao AAS, em casos de dengue, a DIPIRONA também é muito
utilizada. Ela é um fármaco extremamente controverso
na comunidade científica. Quais as vantagens e desvantagens
do uso da DIPIRONA?
CEATRIM:
A dipirona apresenta reações adversas que, embora
raras, são graves e que exigiriam um uso muito mais
criterioso do que o que se observa no Brasil. Sua
principal vantagem é a excelência na ação analgésica
e antitérmica, sendo um dos medicamentos que mais
rapidamente age sobre a redução da febre. No entanto,
a dipirona pode causar erupções na pele semelhantes
àquelas causadas pelo quadro da dengue. Além disso,
entre seus efeitos adversos encontram-se hemorragia
gastrintestinal e queda da pressão arterial que
poderiam também ser um problema para os pacientes
com dengue. Assim, o seu uso deve ser ainda mais
criterioso no quadro da dengue.
Saiba
mais:Em dezembro de 2006, o CEATRIM preparou
um boletim sobre a Dengue, que foi distribuído a
todos os farmacêuticos do estado encartado na Revista
RIOPHARMA.
No informativo “Dengue
e Orientação Farmacêutica – o papel do farmacêutico
na sua promoção” são relatados aspectos importantes
da dengue, com destaque para:
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As
manifestações clínicas da doença (principalmente
no que diz respeito à dengue hemorrágica); |
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As
diversas formas de diagnóstico; |
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Manifestações
no paciente a que a farmácia deve estar atenta
(atenção especial deve ser tomada quando a febre
começa a ceder); |
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As
diversas formas de tratamento da dengue a base
de anti-térmicos e analgésicos; |
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Quadro
com medicamentos a base de Ácido Acetil Salicílico
que devem ser evitados em caso de suspeita de
dengue. |
*
CEATRIM:
Criado em 1999, fruto de uma parceria entre a Faculdade
de Farmácia da UFF e o Conselho Regional de Farmácia
do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ), o CEATRIM tem
o objetivo de atender a solicitações de informação
tanto de profissionais de saúde quanto da população
em geral para o esclarecimento quanto ao uso racional
de medicamentos. Trabalha também com a lógica da formação
continuada dos farmacêuticos, visto que as farmácias
são unidades de saúde que precisam assumir sua função
sanitária de orientação à população.
Tel:
(21) 2629-9600 / 2629-9451
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