Pan 2007:Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento
Tecnológico - Ladetec |
Certificado pelo COI
(Comitê Olímpico Internacional) como o único laboratório
da América Latina credenciado para realizar exames
antidoping em competições internacionais, o Laboratório
de Apoio ao Desenvolvimento Tecnnológico - Ladetec,
do Instituto de Química (IQ) da UFRJ será o responsável
pelo controle de dopagem dos atletas participantes
do Pan 2007, no Rio de Janeiro.
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Dentro da série
de matérias sobre fármacos no Pan Americano,
o IVFRJ On Line entrevistou o
coordenador geral do Ladetec, o professor Francisco
Radler de Aquino Neto (foto), que fala dos
preparativos e expectativas de trabalho durante
essa competição internacional. |
Como funciona o LADETC (etapas de trabalho)?
O LADETEC / IQ - UFRJ é um laboratório de pesquisa,
ensino e extensão que presta serviços de alto valor
agregado e de elevado conteúdo tecnológico para
a Sociedade. No âmbito do controle de dopagem ele
atua através do LAB DOP (Laboratório de controle
de dopagem) que além do controle de dopagem para
o esporte brasileiro, também atua na análise de
resíduos em alimentos, análises de clínica médica,
etc., envolvendo urina, plasma ou tecido. Essas
análises são remuneradas e o laboratório se mantém,
portanto, com recursos próprios.
Há algum esquema especial para atender o Pan?
Trabalharemos em três turnos de 10 horas com um
contingente de mais de 100 técnicos e pessoal de
apoio, trazendo uma dezena de especialistas internacionais
como voluntários. A coleta de amostra será feita
por uma equipe do PAN sem contato com o laboratório.
Um transportador deixará as amostras codificadas
no laboratório, onde recebem novo código para serem
distribuídas para as diversas triagens. Para o controle
de dopagem são realizadas várias triagens em paralelo,
de modo a mapear as centenas de drogas e seus metabólitos
potencialmente empregados pelos atletas. No nosso
caso teremos 7 triagens preliminares e uns 15 procedimentos
confirmatórios.
Há também três grupos de logística trabalhando para
viabilizar as 184 ações já contabilizadas para preparar
o laboratório (e a necessária estrutura universitária)
para esse esforço: um no laboratório, um na direção
do IQ e outro no Ministério dos Esportes. O ME já
investiu R$ 7.000.000,00 em equipamentos e R$ 1.140.000,00
em recursos para as demais despesas. Espera-se contar
com mais R$ 1.500.000,00 até o PAN.
Quais os principais avanços tecnológicos e de
materiais que serão usados nesse Pan?
Temos uma lista grande de equipamentos de última
geração. Mas com destaque especial aos sistemas
novos de cromatografia gasosa-combustão acoplada
a espectrometria de massas por razão isotópica (CG/C/EMRI),
Cromatografia gasosa abrangente acoplada a espectrometria
de massas por tempo de vôo (CgxCG-EMTDV), a análise
de eritropoietina por eletroforese de duplo blotting,
e os cromatógrafos líquidos acoplados a espectrometria
de massas em tandem.
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Cromatógrafo Gasoso –
Combustão Acoplado a Espectrômetro de Massas
por Razão Isotópica do Carbono
(CG/C/EMRI, CG – EMRI)
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Quais foram as maiores dificuldades para o Ladetec
se filiar ao COB?
A dificuldade foi constituir o próprio laboratório,
construir instalações, comprar equipamentos, selecionar
e treinar pessoal, tudo com recursos das próprias
análises. Assim sendo levamos de 1989 a 2002 para
acreditar o laboratório pelo Comitê Olímpico Internacional
(COI). A partir de 2004 passamos a ser acreditados
pela Agência Mundial Antidopagem (AMA, "WADA, World
Antidoping Agency"). Para obter essas acreditações
tivemos de nos submeter à acreditação pela rigorosíssima
norma ISO 17025 pelo Inmetro (hoje somos acreditados
para ensaios, fazendo parte da RBLE e para calibração
volumétrica, fazendo parte da RBC).
Além disso, a burocracia de processos de importação
de materiais, em especial de padrões de drogas controladas,
quase que inviabilizou a continuidade de nossa acreditação
até o PAN. Os padrões após até seis anos de tentativas,
deverão chegar ao laboratório na segunda quinzena
de junho!
Quais as expectativas para o trabalho no Pan?
Muito trabalho, o mínimo esperado de cada componente
é de 10h / dia, para pessoas chave e chefias até
18h/dia e perspectivas de permanecer direto em alguns
momentos (haverá camas e alimentação disponíveis).
Uma logística, mesmo que solucionadas as 184 ações
mencionadas acima, que deverá ser infernal, prevendo-se
um grupo de açõa permanente para solucionar problemas
de última hora. Lembro que após o Pan teremos o
Campeonato Mundial de Cegos e em seguida o Para
PAN. Assim sendo o regime especial de três turnos
funcionará de 07/07/07 até 04/08/07 (embora o PAN
ocorra de 13/07 a 29/07/07) seguido de dois turnos
extendidos até final de agosto. Por outro lado o
legado à UFRJ já é um fato e muitos benefícios posteriores,
vários deles intangíveis são esperados.
O Ladetec é o 28º laboratório no mundo a receber
o certificado pleno do COI. Que vantagens vocês
ganham com isso?
O retorno financeiro direto é pequeno, tanto para
a universidade quanto para o laboratório. Atualmente,
apenas dois entre os 28 laboratórios credenciados
pelo COI pertencem a instituições privadas. As empresas
os têm pelo prestígio. Isso também vale para a UFRJ.
É o prestígio advindo da qualidade que interessa
à Universidade. Os recursos financeiros podem ser
considerados como um bônus a mais nesses benefícios
diretos à vocação da Universidade.
Mais informações: http://www.iq.ufrj.br/ladetec