IVFRJ On Line - 48ª Edição
Ano III - 18 de julho de 2007
Entrevista com Eloan dos Santos Pinheiro

Por Edna Ferreira

 
Eloan dos Santos Pinheiro é nossa entrevistada nesta edição do
IVFRJ On Line.
Foto LatinPharma Expo  

Graduada pela Universidade de Química de Brasília, tem Certificado em tecnologia farmacêutica no estudo de liberação controlada de medicamentos pela Escola de Farmácia da Universidade de Londres, e outro pelo Centro de Desenvolvimento de Negócios São Paulo em Planejamento, Programação e Controle na Produção Farmacêutica.

Aposentada, recentemente, mas atuando como consultora, Eloan foi diretora executiva do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz; atuou como consultora da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo em 2005 contratada como Senior Technical Officer da mesma organização.

Envolvida em questões polêmicas como o preço dos tratamentos com Anti-retrovirais, Eloan acredita produção nacional de fármacos e "considera isso uma necessidade estratégica para o Brasil".


Como foi sua atuação como consultora?

Em 2004, eu fui convidada pela Organização Mundial da Saúde para fazer uma avaliação comparativa entre o preço do tratamento, usando doses individuais de Anti-retrovirais (ARVs), e o tratamento usando combinação fixa dos Anti-retrovirais. Esse trabalho evidenciou que o uso de fármacos combinados trazia uma redução financeira substantiva, possibilitando, com isso, não só maior adesão dos pacientes, mas, também, maior possibilidade de tratamento para um número maior de pacientes, possibilitado pela redução financeira.


E neste trabalho na OMS, o que destacaria?

Em 2005, a OMS abriu concurso público para absorver profissionais que deveriam desenvolver um Banco de Dados de preços de ARVs no mercado internacional. Fui contratada como funcionária, para coordenar esse trabalho com mais dois novos funcionários. Os objetivos fundamentais eram: compilação dos preços no mercado internacional dos Anti-retrovirais, compilação dos preços de Matéria Prima usadas nos medicamentos Anti-retrovirais. Quais eram os principais fabricantes e quais eram os preços praticados. Levantamento da situação de Patentes nos países em desenvolvimento. Avaliação das condições de infra-estrutura que possibilitassem a produção local em países em desenvolvimento.


A Sra. participou de reuniões sobre os preços de medicamentos com patentes e licença compulsória. No que avançou essa questão?

O estudo dos preços dos produtos anti-retrovirais evidenciou que os produtos sob patente, apesar dos preços diferenciados acordados pelos proprietários com a OMS, obstruem o acesso dos pacientes a esses produtos. A Assembléia Mundial da Saúde, em 2003, criou a Comissão sobre Direitos da Propriedade Intelectual, Inovação e Saúde Publica (CIPIH). Isso foi relevante apesar do caráter geral sobre o assunto, porém o "trabalho da comissão estabeleceu como foco a interseção entre a propriedade intelectual, inovação e saúde pública" (site da OMS). O maior avanço foi conseguido pela excelente atuação da representação brasileira na 6ª ou na 7ª, não me lembro bem, Assembléia Mundial da Saude, encaminhando uma proposta: que a direção geral da OMS deveria dar assistência técnica e política para países que queiram fazer uso das flexibilidades da TRIPS (Tratado Internacional de Comércio de Mercadorias) para aumentar o acesso a medicamentos existentes e implementar a Declaração de DOHA (cidade saudita onde ocorreu a reunião) sobre o TRIPS e Saúde Pública. Mas nem tudo que é decidido é priorizado. Há uma diferença entre dizer e fazer.


Outra discussão da qual a Sra. participou foi sobre os retrovirais e quanto a universalização do acesso aos medicamentos anti-aids. Qual o resultado dessas discussões? O que a população já tem de concreto?

Em 2003, foi definido como objetivo tratar cinco milhões de pacientes até o ano de 2005. Estamos em 2007, com somente dois milhões recebendo tratamento. Significa que discussões ou definições têm sua relevância quando implementadas. O acesso Universal até o ano 2010 é uma meta da UNAIDS, OMS, mas é necessário um comprometimento dos governos, estabelecendo nas suas políticas publicas dar prioridade para esta meta.


No que a Sra. está trabalhando atualmente?

Estou dando algumas consultorias, todas na área de Anti-retrovirais.


Quais são seus planos para o futuro?

Ter uma melhor qualidade de vida. Isto significa: tempo para família e tempo para mim. Portanto, somente é possível ter este espaço sendo consultora. Até o momento, minhas consultorias estavam relacionadas à produção de medicamentos em países menos desenvolvidos, pois este país tem até 2016 o direito de não reconhecer patentes. Planos para o futuro é continuar na mesma Linha. Eu acredito na Produção Local e considero uma necessidade estratégica principalmente no Brasil.


Saiba mais:

Organização Pan-Americana da Saúde: http://www.opas.org.br
Farmanguinhos: http://www.far.fiocruz.br


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