IVFRJ On Line - 48ª Edição
Ano III - 18 de julho de 2007
Fiocruz terá novo centro para produção de medicamentos

Por Edna Ferreira

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai receber R$ 30 milhões para implantar uma moderna planta de protótipos para o desenvolvimento de vacinas virais e bacterianas, biofármacos e reativos para diagnóstico. Os recursos virão do Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec/BNDES).

Com inauguração prevista para 2009, o Centro Integrado de Protótipos, Biofármacos e Reativos para Diagnóstico (CIPBR) de Biomanguinhos permitirá a fabricação de remédios que, pelo alto grau de tecnologia necessário, não podem hoje ser produzidos no país. Além da fabricação, o centro, de 15 mil metros quadrados, sendo 9 mil dedicados a laboratórios, vai atuar na pesquisa de medicamentos estratégicos para a política de saúde pública, como aqueles utilizados no tratamento de doenças como câncer, AIDS, hepatites B e C, além de anemias associadas à insuficiência renal crônica.

De acordo com o vice-diretor de desenvolvimento tecnológico de Bio-Manguinhos, Ricardo Galler, o custo total do CIPBR está estimado em R$ 106 milhões, incluindo equipamentos. Cerca de R$ 20 milhões haviam sido negociados anteriormente com o Ministério da Saúde. O restante deverá ser liberado à medida que as etapas de construção forem cumpridas. "Os investimentos virão basicamente das secretarias de Vigilância Sanitária, de Atenção à Saúde e de Insumos Especiais. Outros R$ 30 milhões virão do Fundo Tecnológico do BNDES, e servirão para financiar a área de desenvolvimento de protótipos", disse Galler.

O objetivo da nova planta é permitir a consolidação de Bio-Manguinhos como principal fornecedor de biofármacos para o Ministério da Saúde, além da incorporação da produção de novos medicamentos no futuro. O CIPBR visa a capacitar o instituto para diminuir substancialmente o tempo entre o desenvolvimento de bancada e a produção de lotes clínicos para testes em humanos. Segundo a Fiocruz, isso significa reduzir de quatro anos para um ano o tempo médio entre a descoberta de um medicamento e sua entrada no mercado.

De acordo com a fundação, essa concepção integrada permitirá um melhor relacionamento das atividades, a racionalização das operações e da manutenção técnica e a redução dos custos. "Temos a intenção de dar um salto nesse aspecto. Hoje, toda vez que precisamos de um lote clínico, o tempo fica comprometido com a produção. O desenvolvimento tecnológico fica prejudicado, à espera de uma brecha na produção", disse Galler, que é biólogo e pesquisador titular da Fiocruz.

Além da maior agilidade, o CIPBR aumentará a produção. Bio-Manguinhos produz hoje cerca de 800 mil frascos de interferon alfa 2b humano recombinante, usado no combate à hepatite e a alguns tipos de câncer. Com a nova planta, a capacidade de produção deverá passar para 4 milhões ou 5 milhões de frascos com diferentes dosagens.

O interferon alfa, assim como outro produto fabricado em Bio-Manguinhos - a alfapoetina humana recombinante, utilizada no tratamento de anemias associadas à insuficiência renal crônica, ao câncer e à Aids, - faz parte de uma lista de 14 medicamentos de alto custo com os quais o Ministério da Saúde gasta anualmente cerca de R$ 1 bilhão. "A produção atual desses medicamentos utiliza tecnologia e insumos importados de Cuba. Além de permitir uma fabricação inteiramente nacional, reduzindo custos, vamos poder aumentar a produção", afirmou Galler.

A demanda do Ministério da Saúde por esses produtos tende a aumentar, segundo o vice-diretor de desenvolvimento tecnológico de Bio-Manguinhos, especialmente em função de mandados judiciais que obrigam o governo a atender a população com os medicamentos especiais.

"Ainda assim, como o centro aumentará a capacidade de produção de biofármacos em geral, é possível que ganhemos alguma folga para produzir outros medicamentos, como o inteferon beta, usado no tratamento da esclerose múltipla, ou uma vacina nacional contra a pneumonia", explicou.


Saiba mais:

Fiocruz: http://www.fiocruz.br
Bio-Manguihos: http://www.bio.fiocruz.br
BNDES: http://www.bndes.br


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