Fiocruz terá novo centro para produção de
medicamentos |
O
Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos)
da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai receber R$
30 milhões para implantar uma moderna planta de
protótipos para o desenvolvimento de vacinas virais
e bacterianas, biofármacos e reativos para diagnóstico.
Os recursos virão do Fundo Tecnológico do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Funtec/BNDES).
Com inauguração prevista para 2009, o Centro Integrado
de Protótipos, Biofármacos e Reativos para Diagnóstico
(CIPBR) de Biomanguinhos permitirá a fabricação
de remédios que, pelo alto grau de tecnologia necessário,
não podem hoje ser produzidos no país. Além da fabricação,
o centro, de 15 mil metros quadrados, sendo 9 mil
dedicados a laboratórios, vai atuar na pesquisa
de medicamentos estratégicos para a política de
saúde pública, como aqueles utilizados no tratamento
de doenças como câncer, AIDS, hepatites B e C, além
de anemias associadas à insuficiência renal crônica.
De acordo com o vice-diretor de desenvolvimento
tecnológico de Bio-Manguinhos, Ricardo
Galler, o custo total do CIPBR está estimado
em R$ 106 milhões, incluindo equipamentos. Cerca
de R$ 20 milhões haviam sido negociados anteriormente
com o Ministério da Saúde. O restante deverá ser
liberado à medida que as etapas de construção forem
cumpridas. "Os investimentos virão basicamente das
secretarias de Vigilância Sanitária, de Atenção
à Saúde e de Insumos Especiais. Outros R$ 30 milhões
virão do Fundo Tecnológico do BNDES, e servirão
para financiar a área de desenvolvimento de protótipos",
disse Galler.
O objetivo da nova planta é permitir a consolidação
de Bio-Manguinhos como principal fornecedor de biofármacos
para o Ministério da Saúde, além da incorporação
da produção de novos medicamentos no futuro. O CIPBR
visa a capacitar o instituto para diminuir substancialmente
o tempo entre o desenvolvimento de bancada e a produção
de lotes clínicos para testes em humanos. Segundo
a Fiocruz, isso significa reduzir de quatro anos
para um ano o tempo médio entre a descoberta de
um medicamento e sua entrada no mercado.
De acordo com a fundação, essa concepção integrada
permitirá um melhor relacionamento das atividades,
a racionalização das operações e da manutenção técnica
e a redução dos custos. "Temos a intenção de dar
um salto nesse aspecto. Hoje, toda vez que precisamos
de um lote clínico, o tempo fica comprometido com
a produção. O desenvolvimento tecnológico fica prejudicado,
à espera de uma brecha na produção", disse Galler,
que é biólogo e pesquisador titular da Fiocruz.
Além da maior agilidade, o CIPBR aumentará a produção.
Bio-Manguinhos produz hoje cerca de 800 mil frascos
de interferon alfa 2b humano recombinante, usado
no combate à hepatite e a alguns tipos de câncer.
Com a nova planta, a capacidade de produção deverá
passar para 4 milhões ou 5 milhões de frascos com
diferentes dosagens.
O interferon alfa, assim como outro produto fabricado
em Bio-Manguinhos - a alfapoetina humana recombinante,
utilizada no tratamento de anemias associadas à
insuficiência renal crônica, ao câncer e à Aids,
- faz parte de uma lista de 14 medicamentos de alto
custo com os quais o Ministério da Saúde gasta anualmente
cerca de R$ 1 bilhão. "A produção atual desses medicamentos
utiliza tecnologia e insumos importados de Cuba.
Além de permitir uma fabricação inteiramente nacional,
reduzindo custos, vamos poder aumentar a produção",
afirmou Galler.
A demanda do Ministério da Saúde por esses produtos
tende a aumentar, segundo o vice-diretor de desenvolvimento
tecnológico de Bio-Manguinhos, especialmente em
função de mandados judiciais que obrigam o governo
a atender a população com os medicamentos especiais.
"Ainda assim, como o centro aumentará a capacidade
de produção de biofármacos em geral, é possível
que ganhemos alguma folga para produzir outros medicamentos,
como o inteferon beta, usado no tratamento da esclerose
múltipla, ou uma vacina nacional contra a pneumonia",
explicou.
Saiba mais:
Fiocruz: http://www.fiocruz.br
Bio-Manguihos: http://www.bio.fiocruz.br
BNDES: http://www.bndes.br