Em busca do melhor exercício da profissão farmacêutica
no século XXI
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Muito aguardado, por estudantes
e profissionais da área farmacêutica, de 19
a 22 de setembro, foi realizado, no Centro de
Convenções do Hotel Glória, o
5° Congresso RIOPHARMA. |
Organizado pelo Conselho Regional de Farmácia (CRF-RJ)
e pela Associação Brasileira de Farmacêuticos (ABF),
o evento reuniu dezenas de especialistas, pesquisadores,
autoridades e dirigentes de entidades e órgãos públicos
para discutir o melhor exercício da Farmácia no
século XXI.
A mão direita, "semi-robotizada",
estendida aos céus, como se estivesse clamando
por socorro para se "re-humanizar". |
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Essa foi a simbologia, usada pelo RIOPHARMA, para
estimular a reflexão a respeito dos impactos que o
desenvolvimento da ciência e tecnologia vem impondo
em nossa sociedade.
"
Humanização e Respeito à Vida" foi
o tema escolhido para permear os debates do 5° RIOPHARMA.
"Um enorme desafio hoje colocado para os farmacêuticos
é como incorporar a inovação tecnológica, as novas
descobertas científicas, sem esquecer de cuidar, sem
permitir a exclusão e ao mesmo tempo preservando a
ética nas relações humanas e protegendo a vida", ressaltou
a
Dra.
Mirian Moura, presidente da Comissão Organizadora,
em seu discurso de abertura do evento.
Foto: Yosikazu Maeda |
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MESA DE ABERTURA 5° RIOPHARMA |
Maratona de conhecimento
Espaço privilegiado de atualização profissional, intercâmbio
de informações técnico-científicas e fórum qualificado
para a discussão de políticas farmacêuticas, o 5°
RIOPHARMA reuniu mais de 1.100 congressistas de vários
estados brasileiros. Durante os quatro dias de evento
foram realizados sete cursos, 4 conferências, 19 palestras
e 12 mesas-redondas que contemplaram todos os ramos
da atividade farmacêutica. Trabalhos científicos,
inscritos para o Prêmio RIOPHARMA, também ficaram
disponíveis ao público sob a forma de pôster.
Questões importantes, presentes no dia-a-dia do
trabalho farmacêutico, foram enfocadas, pelos especialistas
convidados, através de uma perspectiva humanista,
que primou pelo estímulo de uma reflexão ética e
filosófica sobre o exercício da profissão. Assistência
e atenção farmacêutica, o controle da dor, acesso
e uso racional dos medicamentos, farmacovigilância,
farmácia clínica, drogas de abuso, fracionamento,
nanotecnologia e patentes farmacêuticas foram alguns
dos assuntos abordados no evento.
A Farmácia a serviço da vida
A falta de investimento para a descoberta de medicamentos,
no âmbito das doenças negligenciadas, foi apontada
como uma das mais desumanas formas de atuação da
indústria farmacêutica: "Somente 1% dos novos medicamentos
é destinado às doenças negligenciadas, necessitamos
construir um novo paradigma para a renovação tecnológica
colocando a saúde pública em primeiro lugar" - propôs
James Fitzgerald, coordenador de Medicamentos e
Tecnologias da Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS/OMS), no Brasil.
Foto: Yosikazu Maeda |
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Conferência James
Fitzgerald (OPAS/OMS) |
A necessidade de humanizar o sistema de patentes
para promover o acesso aos medicamentos também foi
um tema bastante debatido no RIOPHARMA. "As patentes
vêm na contramão do sistema capitalista que prima
pela concorrência. Ao permitir que uma só empresa
explore o produto no mercado, os preços se elevam
e isso tem um forte impacto no acesso da população
a bens essenciais à saúde" - refletiu
Luis
Carlos Wanderley Lima, coordenador de propriedade
intelectual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA).
Medicalização da Vida
Enquanto uns sofrem com a falta de acesso ao medicamento;
para outros, o problema é o excesso. A intensa "medicalização
da vida" promovida pela indústria farmacêutica já
está sendo considerada um problema de saúde pública.
Para o médico farmacologista Albert Figueras, da Universidade
Autônoma de Barcelona, um dos principais papéis do
farmacêutico, na sociedade moderna, é conscientizar
a população a reduzir o consumo dos medicamentos.
Foto: André Telles |
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Dr. Albert Figueras critica
o consumo exagerado de medicamentos. |
"É preciso aproveitar a farmácia interior que todos
nós temos. A pressa da atualidade, a necessidade
do bem estar e da felicidade desesperada nos faz
buscar, nos medicamentos e nas drogas de abuso,
substâncias que são produzidas em nosso próprio
organismo. Oxitocinas, endocabinóides, endorfinas
são liberadas pelo cérebro através de estímulos
como exercício físico, carícias, beijos, abraços,
uma massagem", explicou Dr. Figueras, que acredita
plenamente na substituição de diversos medicamentos
por hábitos cotidianos mais saudáveis e humanos.
Humanizar através da Comunicação
Em alguns profissionais o talento da comunicação é
nato; em outros, a aptidão pode vir do coração. Isto
pode ser testemunhado na prática, no 5° RIOPHARMA,
tanto no palco quanto na platéia. Alguns palestrantes
deram um verdadeiro "show" de interpretação no desenvolvimento
de suas temáticas; já outros, fizeram o público se
emocionar com a sinceridade de seus relatos. A inteligência
e perspicácia da platéia, na hora das perguntas, foi
motivo de surpresa para especialistas que, por vezes,
preferiam se abster da resposta, curvando-se apenas
diante das observações apresentadas.
Foto: Lucia Beatriz Torres |
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O saber comunicar é uma habilidade que o farmacêutico
precisa estar sempre desenvolvendo para, a cada
dia, humanizar o exercício da sua profissão. Isto
vale para qualquer área que esteja atuando: seja
na dispensação e no uso correto de medicamentos,
na assistência e atenção farmacêutica, na notificação
de efeitos adversos, na relação com a equipe interdisciplinar
de saúde, no contato com o paciente e sua família
ou nos fóruns de discussão de políticas farmacêuticas.
O conhecimento farmacêutico precisa circular na
sociedade para que ele possa se tornar, de fato,
um agente transformador da qualidade de vida dos
cidadãos. Esta temática já esteve presente em edições
anteriores do Congresso RIOPHARMA, entretanto, mostra-se
ainda bastante atual para delinear o melhor exercício
da profissão farmacêutica no século XXI.
"Nenhum conhecimento
terá valor se ele não conduzir à transformação"
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Lorenzo Cera Bandeira
- Farmacêutico,
especialista em atenção farmacêutica
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