Simpósio de Cuidados Farmacêuticos 2007 |
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O 5° Congresso
RIOPHARMA abrigou, durante todo o dia 20
de setembro, o Simpósio de Cuidados Farmacêuticos
2007, no salão nobre do Hotel Glória.
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O Simpósio era uma promessa do Conselho Regional
de Farmácia (CRF-RJ) para este ano e, devido a sua
pertinência ao tema central do RIOPHARMA "Humanização
e Respeito à Vida", foi incorporado ao evento.
Todos os congressistas do RIOPHARMA tiveram a possibilidade
de participar do Simpósio de Cuidados Farmacêuticos.
O evento, composto de duas palestras, duas mesas-redondas
e uma conferência, reuniu sotaques do nordeste, sul
e sudeste. Ao todo, dez especialistas revezaram-se
para dissertar sobre suas pesquisas científicas e
relatar experiências pessoais no âmbito do controle
da dor, da atenção farmacêutica e do uso racional
de medicamentos.
Foto: Lúcia Beatriz Torres |
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Mesa-Redonda Uso Racional
De Medicamentos
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Controle da Dor
Com uma narrativa apaixonada sobre os cuidados farmacêuticos
necessários ao controle da dor, a farmacêutica paranaense
Flávia
Ludimila Kavalec emocionou a platéia com as
histórias de sua vivência na profissão tratando
de pacientes com câncer. "Os cuidados paleativos
do paciente são tão importantes quanto os cuidados
curativos. Controlar a dor é humanizar", explicou
Dra. Flávia, ressaltando a importância do farmacêutico
desde a seleção do melhor medicamento até a utilização
correta do mesmo.
Para o alívio da dor existe uma escada terapêutica
estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
que deve ser obedecida. No primeiro degrau está
o paracetamol, depois o diclofenaco, a codeína,
o tramadol, a morfina e finalmente a metadona. "As
doses deverão ser ajustadas até o alívio da dor
do paciente, a dependência física é esperada, já
a dependência psicológica precisa ser acompanhada",
alertou a farmacêutica.
Atenção Farmacêutica
Da cidade de João Monlevade, interior de Minas Gerais,
o farmacêutico Lorenzo Cera Bandeira trouxe o relato
da sua experiência de trabalho, com atenção farmacêutica,
no cuidado de pacientes hipertensos e diabéticos.
"Além de instruir quanto ao uso correto dos medicamentos
o farmacêutico precisa estar atento a toda realidade
que cerca o paciente, aconselhar dieta e exercício
físico, fazer com que ele reconheça os sintomas associados
à hipoglicemia ou hiperglicemia", explicou Dr. Lorenzo
que revelou ter descoberto, antes do médico, que um
paciente seu estava com leucemia, apenas pelo acompanhamento
de seus exames.
Foto: André Telles |
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Lorenzo Bandeira especialista em atenção
farmaceutica |
Quanto custa implantar uma atenção farmacêutica em
uma farmácia? Segundo estudo realizado pelo professor
Cassyano
Januário Correr, da Universidade Federal do Paraná,
R$ 5.500,00 para a compra de mobiliário, computador
e bibliografia já seriam suficientes. Considerando
o tempo médio de atendimento de 19 minutos e o piso
salarial do farmacêutico acrescido de impostos cada
consulta sairia por R$ 5,40.
A atenção farmacêutica pode ser um bom argumento
para fidelizar os clientes, mas ela não precisa
ser necessariamente bancada pela farmácia. O professor
Divaldo
Pereira Jr., da Universidade Federal de Sergipe,
acredita que a tendência é que os planos de saúde
paguem pela assistência farmacêutica, pois ela evita
que o paciente vá para o hospital com complicações
mais graves - o que evitaria futuros gastos com
a internação. "Aqui no Brasil ainda há uma carência
de profissionais nesta área, mas estamos trabalhando
para montar uma cooperativa e oferecer o serviço
aos planos de saúde", observou o professor Divaldo.
Uso Racional de Medicamentos
"Cuidado, usar medicamento de ponta machuca!". "Sem
eficácia comprovada é melhor usar água benta, pois
não tem efeito adverso - a não ser que você tenha
pacto com o diabo". Foi com humor e ironia e uma
pitada de sotaque gaúcho misturado com português
que a médica
Maria
Beatriz Ferreira, da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, tentou sensibilizar a platéia
para os riscos dos novos medicamentos, que estão
entrando no mercado, sem segurança e eficácia cientificamente
comprovadas.
Os anorexígenos foram apontados no Simpósio como
uma das classes de medicamentos consumidos de forma
mais inadequada. "Não há justificativas técnico-científicas
para prescrever um fármaco que não possui ação terapêutica
comprovada e que ainda causa dependência. As anfetaminas
inibidoras do apetite devem ser banidas do mercado
brasileiro, assim como já aconteceu em outros países",
alertou o professor
José
Augusto Cabral, da Universidade Federal de Juiz
de Fora, que optou por palestrar próximo à platéia
para convencer as "moças farmacêuticas" a não cometerem
"esta irracionalidade" e nem serem coniventes com
ela em seu trabalho cotidiano.
Imagem cedida
por Caio Silvino
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"Venda controlada - o mau uso do medicamento pode
causar resistência bacteriana" é a frase que o farmacêutico
bioquímico Caio Roberto Silvino propõe que seja
estampada na caixa dos antibióticos, em projeto
de lei enviado ao Congresso Nacional. Automedicação,
prescrição sem critérios, abandonoterapia e subdose
são alguns erros comuns no uso de antibióticos que
justificam a proposta da retenção de receita. "A
pessoa vai à farmácia e consegue comprar o antibiótico
com a maior facilidade. Isto tem gerado sérios problemas
de resistência bacteriana na comunidade. As pessoas
adoecem e quando chegam ao hospital já estão com
uma carga enorme de resistência, fica mais difícil
e mais caro tratar", alertou Dr. Caio para o problema
que afeta toda a coletividade.
Profissional Cidadão
O resgate do papel do farmacêutico como profissional
de saúde e cidadão foi a temática da conferência de
enceramento do Simpósio de Cuidados Farmacêuticos
2007, proferido por
Suely
Rozenfeld, professora da Escola Nacional de Saúde
Pública (ENSP/FIOCRUZ). "Atualmente temos presenciado
o distanciamento dos profissionais dos seus alvos,
preparei esta conferência para despertar a nossa consciência
enquanto cidadãos", ressaltou a especialista que dissertou
sobre a importância do farmacêutico como educador
e militante na área das políticas públicas farmacêuticas.