IVFRJ On Line - 51ª Edição
Ano III - 02 de outubro de 2007
Simpósio de Cuidados Farmacêuticos 2007

Por Lucia Beatriz

O 5° Congresso RIOPHARMA abrigou, durante todo o dia 20 de setembro, o Simpósio de Cuidados Farmacêuticos 2007, no salão nobre do Hotel Glória.
O Simpósio era uma promessa do Conselho Regional de Farmácia (CRF-RJ) para este ano e, devido a sua pertinência ao tema central do RIOPHARMA "Humanização e Respeito à Vida", foi incorporado ao evento.

Todos os congressistas do RIOPHARMA tiveram a possibilidade de participar do Simpósio de Cuidados Farmacêuticos. O evento, composto de duas palestras, duas mesas-redondas e uma conferência, reuniu sotaques do nordeste, sul e sudeste. Ao todo, dez especialistas revezaram-se para dissertar sobre suas pesquisas científicas e relatar experiências pessoais no âmbito do controle da dor, da atenção farmacêutica e do uso racional de medicamentos.

Foto: Lúcia Beatriz Torres
Mesa-Redonda Uso Racional De Medicamentos



Controle da Dor

Com uma narrativa apaixonada sobre os cuidados farmacêuticos necessários ao controle da dor, a farmacêutica paranaense Flávia Ludimila Kavalec emocionou a platéia com as histórias de sua vivência na profissão tratando de pacientes com câncer. "Os cuidados paleativos do paciente são tão importantes quanto os cuidados curativos. Controlar a dor é humanizar", explicou Dra. Flávia, ressaltando a importância do farmacêutico desde a seleção do melhor medicamento até a utilização correta do mesmo.

Para o alívio da dor existe uma escada terapêutica estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que deve ser obedecida. No primeiro degrau está o paracetamol, depois o diclofenaco, a codeína, o tramadol, a morfina e finalmente a metadona. "As doses deverão ser ajustadas até o alívio da dor do paciente, a dependência física é esperada, já a dependência psicológica precisa ser acompanhada", alertou a farmacêutica.


Atenção Farmacêutica

Da cidade de João Monlevade, interior de Minas Gerais, o farmacêutico Lorenzo Cera Bandeira trouxe o relato da sua experiência de trabalho, com atenção farmacêutica, no cuidado de pacientes hipertensos e diabéticos. "Além de instruir quanto ao uso correto dos medicamentos o farmacêutico precisa estar atento a toda realidade que cerca o paciente, aconselhar dieta e exercício físico, fazer com que ele reconheça os sintomas associados à hipoglicemia ou hiperglicemia", explicou Dr. Lorenzo que revelou ter descoberto, antes do médico, que um paciente seu estava com leucemia, apenas pelo acompanhamento de seus exames.

Foto: André Telles  
 Lorenzo Bandeira especialista em   atenção farmaceutica

Quanto custa implantar uma atenção farmacêutica em uma farmácia? Segundo estudo realizado pelo professor Cassyano Januário Correr, da Universidade Federal do Paraná, R$ 5.500,00 para a compra de mobiliário, computador e bibliografia já seriam suficientes. Considerando o tempo médio de atendimento de 19 minutos e o piso salarial do farmacêutico acrescido de impostos cada consulta sairia por R$ 5,40.

A atenção farmacêutica pode ser um bom argumento para fidelizar os clientes, mas ela não precisa ser necessariamente bancada pela farmácia. O professor Divaldo Pereira Jr., da Universidade Federal de Sergipe, acredita que a tendência é que os planos de saúde paguem pela assistência farmacêutica, pois ela evita que o paciente vá para o hospital com complicações mais graves - o que evitaria futuros gastos com a internação. "Aqui no Brasil ainda há uma carência de profissionais nesta área, mas estamos trabalhando para montar uma cooperativa e oferecer o serviço aos planos de saúde", observou o professor Divaldo.


Uso Racional de Medicamentos

"Cuidado, usar medicamento de ponta machuca!". "Sem eficácia comprovada é melhor usar água benta, pois não tem efeito adverso - a não ser que você tenha pacto com o diabo". Foi com humor e ironia e uma pitada de sotaque gaúcho misturado com português que a médica Maria Beatriz Ferreira, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tentou sensibilizar a platéia para os riscos dos novos medicamentos, que estão entrando no mercado, sem segurança e eficácia cientificamente comprovadas.

Os anorexígenos foram apontados no Simpósio como uma das classes de medicamentos consumidos de forma mais inadequada. "Não há justificativas técnico-científicas para prescrever um fármaco que não possui ação terapêutica comprovada e que ainda causa dependência. As anfetaminas inibidoras do apetite devem ser banidas do mercado brasileiro, assim como já aconteceu em outros países", alertou o professor José Augusto Cabral, da Universidade Federal de Juiz de Fora, que optou por palestrar próximo à platéia para convencer as "moças farmacêuticas" a não cometerem "esta irracionalidade" e nem serem coniventes com ela em seu trabalho cotidiano.

Imagem cedida por Caio Silvino

"Venda controlada - o mau uso do medicamento pode causar resistência bacteriana" é a frase que o farmacêutico bioquímico Caio Roberto Silvino propõe que seja estampada na caixa dos antibióticos, em projeto de lei enviado ao Congresso Nacional. Automedicação, prescrição sem critérios, abandonoterapia e subdose são alguns erros comuns no uso de antibióticos que justificam a proposta da retenção de receita. "A pessoa vai à farmácia e consegue comprar o antibiótico com a maior facilidade. Isto tem gerado sérios problemas de resistência bacteriana na comunidade. As pessoas adoecem e quando chegam ao hospital já estão com uma carga enorme de resistência, fica mais difícil e mais caro tratar", alertou Dr. Caio para o problema que afeta toda a coletividade.


Profissional Cidadão

O resgate do papel do farmacêutico como profissional de saúde e cidadão foi a temática da conferência de enceramento do Simpósio de Cuidados Farmacêuticos 2007, proferido por Suely Rozenfeld, professora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ). "Atualmente temos presenciado o distanciamento dos profissionais dos seus alvos, preparei esta conferência para despertar a nossa consciência enquanto cidadãos", ressaltou a especialista que dissertou sobre a importância do farmacêutico como educador e militante na área das políticas públicas farmacêuticas.


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