IVFRJ On Line - 51ª Edição
Ano III - 02 de outubro de 2007
Erros de medicação e sistemas de segurança do paciente

Por Matheus Fierro (*)

Os erros de medicação são uma preocupação constante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Demonstrando essa inquietação da entidade com o tema, o farmacêutico gerente executivo da área de Farmacovigilância da entidade, Murilo Freitas Dias, falou sobre algumas atitudes que devem ser tomadas em relação ao assunto, durante o 5º Congresso RioPharma de Ciências Farmacêuticas. Ele propôs algumas mudanças e citou alguns casos recentes durante sua palestra do dia 21 de setembro, intitulada: "Identificar e Prevenir Erros de Medicação: Estratégia para Redução de Danos à Saúde".

Foto: André Telles
Murilo Freitas Gerente de Farmacovigilância da Anvisa

Para Murilo, a principal causa dos erros de medicação é a falta de comunicação entre os envolvidos no processo terapêutico. Ele prega que deve haver maior interação entre o médico e o paciente e o farmacêutico e o paciente. "O processo de comunicação na terapêutica é vital para a segurança do paciente", explicou o único representante latino-americano do Comitê Assessor de Segurança de Medicamentos da Organização Mundial da Saúde. "A questão da comunicação é não só oral, mas também por escrito, e tem a ver com todo o ciclo de uso do produto e dos sistemas que envolvem medicamentos, então comunicação é um ponto focal de todo o sistema que vise a segurança do paciente". Além disso, ele afirmou que técnicas inadequadas, diagnóstico tardio, nomes de fármacos parecidos e uso indevido contribuem para aumentar os números de erros de medicação.

Explicando melhor alguns equívocos, o palestrante exemplificou a situação citando um caso recente em que foi receitado um medicamento de nome ambíguo a um paciente. A letra complicada do médico, a falta de comunicação entre as partes e a precipitação do farmacêutico na hora da venda do medicamento fizeram com que o paciente saísse da farmácia com a substância ativa errada. Alheio a essa seqüência de erros, o paciente tomou o medicamento e acabou sofrendo dano cerebral permanente, uma seqüela grave para erros preveníveis.

Como forma de evitar essas infelicidades, Murilo sugeriu algumas saídas. Para ele é necessário dar mais atenção ao doente em momentos essenciais, como: na transição do hospital para casa, após alta e no momento da compra de medicamentos. Para isso, ele acredita que seja necessária a implantação de sistemas de segurança do paciente, que atuariam nessas ocasiões cruciais, fornecendo informações e melhorando a comunicação. A participação do enfermo também é capital. Com um diálogo melhor entre ele e seu médico, após o diagnóstico, ele deve procurar saber mais sobre sua doença. Dessa forma, alguns erros poderiam ser evitados.

Foto: André Telles
Murilo Freitas Dias enumera possíveis atitudes para evitar os erros de medicação

Sem ausentar as indústrias farmacêuticas de culpa, Murilo Freitas também criticou a semelhança de nomes de diversos medicamentos. Mas afirmou que a melhora nesse processo de registro depende de muitas variáveis e de um processo burocrático longo que deve ser revisto no futuro. Para melhorar essa questão, ele salientou a importância do envolvimento dos profissionais da saúde. Estes podem contribuir notificando suspeitas de erros de medicação, através do site da ANVISA - um processo completamente confidencial e não-punitivo.

O site da agência reguladora aborda o tema da seguinte forma: "Este campo está disponível a todos os profissionais de saúde que pretendam notificar erros de medicação. As notificações serão mantidas no anonimato e poderão contribuir para prevenir e minimizar erros semelhantes".

(*) colaboração Lúcia Beatriz



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