Potencial biológico da fibra de côco |
O côco verde presente em quase toda a costa brasileira,
além da água e da polpa, pode ser uma fonte de medicamentos.
A fibra do côco é alvo de estudos que revelam promissoras
possiblidades terapêuticas. Dados recentes de pesquisadores
do Laboratório de Estruturas de Superfície do Instituto
de Microbiologia da UFRJ, demonstraram, após estudos
in vitro, que o extrato aquoso bruto da fibra
de Cocos nucifera var. típica A, popularmente
conhecido como côco "olho-de-cravo", apresenta várias
atividades biológicas. O projeto é coordenado pelas
professoras Daniela Sales Alviano e Celuta Sales
Alviano. Em entrevista ao IVFRJ On line,
a professora Celuta explica os principais pontos
da pesquisa.
Quando começou a pesquisa?
O laboratório de Estruturas de Superfície de Microrganismos,
do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de
Góes (IMPPG) iniciou as pesquisas sobre extratos
de plantas em 2002 e hoje através do projeto: "Estudos
Interdisciplinares para o uso sustentável da flora
brasileira com potencial farmacológico", coordenado
pela Profa. Visitante Daniela Sales Alviano, está
com uma linha de pesquisa consolidada, com várias
colaborações e publicações na área, decorrente da
formação de Recursos Humanos em vários níveis: Iniciação
Científica, Mestrado e Doutorado, nos programas
de Pós-graduação em Ciência de Alimentos (Instituto
de Química - CT - UFRJ), Microbiologia e Imunologia
(IMPPG - CCS - UFRJ), Biotecnologia Vegetal (Decania
- CCS - UFRJ), Bioquímica Médica (Instituto de Bioquímica
- CCS - UFRJ).
Em que consiste o trabalho?
Produtos naturais representam uma expressiva fonte
para pesquisas de novos componentes biologicamente
ativos. Como parte do programa de estudo sobre as
propriedades terapêuticas de plantas brasileiras,
nosso grupo iniciou testes de biomonitoração do
extrato de C. nucifera var. típica A. Embora
extrato aquoso da fibra de C. nucifera seja
popularmente usado no tratamento de diarréias e
artrites, investigações farmacológicas de seus efeitos
biológicos benéficos ou adversos ainda são preliminares.
Quais os resultados esperados?
Dados recentes do nosso grupo têm demonstrado que
o extrato aquoso bruto da fibra de C. nucifera
var. típica A, popularmente conhecida como "olho-de-cravo"
têm as seguintes atividades in vitro: antibacteriana,
antiviral, antitumoral e antileshimanial. A ação
analgésica e a baixa toxicidade foi demonstrada
em modelo animal, bem como envolvimento na captação
de radicais livres.
Apesar do excelente perfil de atividades biológicas
observado para o extrato aquoso de C. nucifera
var. típica A, esta cultura é relativamente rara,
quando comparada com a variedade comum de C. nucifera.
Para avaliar se a variedade comum teria o mesmo
perfil bioativo descrito para a variedade típica
A, demonstramos que ambos os extratos contêm: polifenóis
e frações, com diferentes massas moleculares, com
o mesmo perfil de atividade antitumoral.
Em que etapa se encontra a pesquisa?
Estudos recentes estão sendo realizados no sentido
de identificar os componentes bioativos do extrato
aquoso bruto da fibra de C. nucifera e na
elucidação dos mecanismos de ação nos diversos sistemas
biológicos. No momento estamos ministrando, pela
primeira vez, a disciplina: "Estudos interdisciplinares
para a avaliação do potencial bioativo de extratos
de plantas da flora brasileira" oferecida aos estudantes
dos diversos programas, e conta com a participação
de pesquisadores colaboradores especialistas na
área.
A pesquisa conta com financiamento? De que
entidade(s)?
A nossa pesquisa conta com o apoio da FAPERJ e CNPq.
Qual o principal benefício desta pesquisa
para a sociedade?
Considerando que a variedade comum de C. nucifera
é amplamente cultivada no Brasil e a fibra bruta
é um resíduo do processo industrial, os resultados
obtidos no presente estudo sugerem que esta é uma
fonte, de baixíssimo custo, para novos fármacos
e que estimulam profundas investigações, indispensáveis
para o desenvolvimento de novas terapias.
Que equipes (laboratórios e/ou institutos)
estão envolvidos neste trabalho?
Estão envolvidos nesta pesquisa, pesquisadores de
várias instituições, tais como: as professoras Daniela
Sales Alviano e Celuta
Sales Alviano (Coordenadoras); e os professores
Cerli
Gattass (Instituto de Biofísica - UFRJ); Antônio
Jorge Ribeiro (NPPN - UFRJ); Patrícia
Dias Fernandes (Farmacologia - UFRJ); Maria
Eline Matheus (Farmacologia - UFRJ); Ângelo
Roberto Antonioli (Farmacologia - UFS); Arie
Fitzgerald (Agronomia - UFS); Suzana
Leitão (Faculdade de Farmácia - UFRJ); Rosângela
Soares (IMPPG - UFRJ); Maria
do Socorro Rosa (IMPPG - UFRJ); Ana
Maria Bolognese (Odontologia - UFRJ); e Humberto
Bizzo (Embrapa).
Cocos nucifera |
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À direita variedade comum
e a esquerda variedade tipo A "olho-de-cravo
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