IVFRJ On Line - 51ª Edição
Ano III - 02 de outubro de 2007
Potencial biológico da fibra de côco

Por Edna Ferreira

O côco verde presente em quase toda a costa brasileira, além da água e da polpa, pode ser uma fonte de medicamentos. A fibra do côco é alvo de estudos que revelam promissoras possiblidades terapêuticas. Dados recentes de pesquisadores do Laboratório de Estruturas de Superfície do Instituto de Microbiologia da UFRJ, demonstraram, após estudos in vitro, que o extrato aquoso bruto da fibra de Cocos nucifera var. típica A, popularmente conhecido como côco "olho-de-cravo", apresenta várias atividades biológicas. O projeto é coordenado pelas professoras Daniela Sales Alviano e Celuta Sales Alviano. Em entrevista ao IVFRJ On line, a professora Celuta explica os principais pontos da pesquisa.


Quando começou a pesquisa?

O laboratório de Estruturas de Superfície de Microrganismos, do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG) iniciou as pesquisas sobre extratos de plantas em 2002 e hoje através do projeto: "Estudos Interdisciplinares para o uso sustentável da flora brasileira com potencial farmacológico", coordenado pela Profa. Visitante Daniela Sales Alviano, está com uma linha de pesquisa consolidada, com várias colaborações e publicações na área, decorrente da formação de Recursos Humanos em vários níveis: Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado, nos programas de Pós-graduação em Ciência de Alimentos (Instituto de Química - CT - UFRJ), Microbiologia e Imunologia (IMPPG - CCS - UFRJ), Biotecnologia Vegetal (Decania - CCS - UFRJ), Bioquímica Médica (Instituto de Bioquímica - CCS - UFRJ).


Em que consiste o trabalho?

Produtos naturais representam uma expressiva fonte para pesquisas de novos componentes biologicamente ativos. Como parte do programa de estudo sobre as propriedades terapêuticas de plantas brasileiras, nosso grupo iniciou testes de biomonitoração do extrato de C. nucifera var. típica A. Embora extrato aquoso da fibra de C. nucifera seja popularmente usado no tratamento de diarréias e artrites, investigações farmacológicas de seus efeitos biológicos benéficos ou adversos ainda são preliminares.


Quais os resultados esperados?

Dados recentes do nosso grupo têm demonstrado que o extrato aquoso bruto da fibra de C. nucifera var. típica A, popularmente conhecida como "olho-de-cravo" têm as seguintes atividades in vitro: antibacteriana, antiviral, antitumoral e antileshimanial. A ação analgésica e a baixa toxicidade foi demonstrada em modelo animal, bem como envolvimento na captação de radicais livres.

Apesar do excelente perfil de atividades biológicas observado para o extrato aquoso de C. nucifera var. típica A, esta cultura é relativamente rara, quando comparada com a variedade comum de C. nucifera. Para avaliar se a variedade comum teria o mesmo perfil bioativo descrito para a variedade típica A, demonstramos que ambos os extratos contêm: polifenóis e frações, com diferentes massas moleculares, com o mesmo perfil de atividade antitumoral.


Em que etapa se encontra a pesquisa?

Estudos recentes estão sendo realizados no sentido de identificar os componentes bioativos do extrato aquoso bruto da fibra de C. nucifera e na elucidação dos mecanismos de ação nos diversos sistemas biológicos. No momento estamos ministrando, pela primeira vez, a disciplina: "Estudos interdisciplinares para a avaliação do potencial bioativo de extratos de plantas da flora brasileira" oferecida aos estudantes dos diversos programas, e conta com a participação de pesquisadores colaboradores especialistas na área.


A pesquisa conta com financiamento? De que entidade(s)?

A nossa pesquisa conta com o apoio da FAPERJ e CNPq.


Qual o principal benefício desta pesquisa para a sociedade?

Considerando que a variedade comum de C. nucifera é amplamente cultivada no Brasil e a fibra bruta é um resíduo do processo industrial, os resultados obtidos no presente estudo sugerem que esta é uma fonte, de baixíssimo custo, para novos fármacos e que estimulam profundas investigações, indispensáveis para o desenvolvimento de novas terapias.


Que equipes (laboratórios e/ou institutos) estão envolvidos neste trabalho?

Estão envolvidos nesta pesquisa, pesquisadores de várias instituições, tais como: as professoras Daniela Sales Alviano e Celuta Sales Alviano (Coordenadoras); e os professores Cerli Gattass (Instituto de Biofísica - UFRJ); Antônio Jorge Ribeiro (NPPN - UFRJ); Patrícia Dias Fernandes (Farmacologia - UFRJ); Maria Eline Matheus (Farmacologia - UFRJ); Ângelo Roberto Antonioli (Farmacologia - UFS); Arie Fitzgerald (Agronomia - UFS); Suzana Leitão (Faculdade de Farmácia - UFRJ); Rosângela Soares (IMPPG - UFRJ); Maria do Socorro Rosa (IMPPG - UFRJ); Ana Maria Bolognese (Odontologia - UFRJ); e Humberto Bizzo (Embrapa).

Cocos nucifera
À direita variedade comum e a esquerda variedade tipo A "olho-de-cravo




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