A
trajetória da Nortec Química é exemplo de investimento
em pesquisa e cooperação com universidades e centros
de pesquisa
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Uma
empresa brasileira de capital 100% nacional,
integralmente dedicada à produção de Princípios
Ativos Farmacêuticos. |
Esse é o perfil da Nortec Química, criada no início
dos anos 80, e que vive hoje um processo de desenvolvimento
acelerado, coerente com sua missão de investir continuamente
na produção de moléculas biologicamente ativas. Localizada
em Xerém, no município de Duque de Caxias, no Rio
de Janeiro, a Empresa ocupa uma área de 60.000 m2,
onde são produzidos mais de 45 princípios ativos para
o mercado nacional e internacional.
Como conseqüência de sua ação pioneira, a Nortec Química
recebeu o Prêmio Liceo de Tecnologia, o mais importante
reconhecimento oficial concedido a empresas inovadoras
no Brasil. Além disso, por vários anos consecutivos
(1999, 2000, 2001, 2002 e 2003) a Empresa vem recebendo
o Prêmio de Excelência no Fornecimento de Matérias-Primas,
concedido pela FEBRAFARMA - Federação Brasileira da
Indústria Farmacêutica.
O cenário farmacêutico nacional é considerado promissor.
O Brasil responde hoje por cerca de 1,5% da produção
mundial de conhecimento novo gerado na Química, além
de possuir um patrimônio inigualável, proporcionado
pela biodiversidade e formar mais de 10 mil novos
doutores a cada ano. O país está entre os dez maiores
mercados farmacêuticos do mundo. Para Marcus Soalheiro,
diretor de P&D, Garantia de Qualidade e Desenvolvimento
Negócios da Nortec, o grande desafio é gerencial.
"Trata-se de descobrir e desenvolver os talentos que
existem, trabalhar duro e com seriedade e formar parcerias
sólidas com fornecedores e consumidores", afirma.
Ao lado desse quadro de excelência, a Nortec enfrenta
vários desafios para continuar crescendo. "Somos forçados
a conviver com uma legislação extremamente aberta
ao exterior, que não oferece uma proteção ao produtor
nacional, uma política de compras governamentais voltada
para valorizar o produto importado - em detrimento
do produto fabricado no país", revela Marcus Soalheiro.
Ainda segundo ele, "mais do que qualquer "proteção",
o que nunca tivemos e precisamos é da correção de
distorções e de um tratamento equânime, que exija
do fornecedor estrangeiro os mesmos requisitos regulatórios,
como DMF -Drug Master File e CERTIFICAÇÃO DE
GMP - Good Manufacturing Practices (fornecido
por Agências com credibilidade incontestável tais
como ANVISA, FDA e EMEA) que são exigidos dos fabricantes
nacionais de princípios ativos farmacêuticos".
Pesquisa, desenvolvimento e cooperação
O setor farmacêutico é um dos que mais investe em
pesquisa, mas, mesmo assim, não existe um único medicamento
100% brasileiro, considerando todas as etapas de produção.
O que falta para se ter um fármaco totalmente nacional?
Na opinião do diretor da Nortec, a tarefa não é fácil
em qualquer lugar do mundo. "Estima-se que a Industria
Farmacêutica represente um mercado de 500 bilhões
de dólares por ano no mundo. Considerando-se uma estimativa
conservadora para o investimento anual em P&D a cerca
de 10% das vendas, temos algo ao redor de 50 bilhões
de dólares anuais. Pois todo este dinheiro tem gerado
menos de 40 novas moléculas por ano (em 2003 foram
apenas 30)", explica Soalheiro.
Ainda segundo ele, para se chegar a um medicamento
novo (molécula nova) há a necessidade de investimentos
elevados para cobrir os custos com as diversas tentativas,
tendo em vista que, em muitos casos, a taxa de sucesso
é baixa. "Tais investimentos só poderiam ser feitos
com a ajuda do Governo, a exemplo de como é feito
nos países desenvolvidos", conclui o diretor.
Ao longo de sua trajetória, a Nortec Química tem tido
uma relação bastante produtiva com universidades e
instituições de pesquisa. De acordo com Marcus Soalheiro,
a empresa praticamente nasceu dentro da Fundação Oswaldo
Cruz. Ele explica que para estimular a cooperação
entre universidades e empresas é preciso preparo e
maturidade de ambos. "A empresa deve saber o que realmente
quer, qual o conhecimento-chave que se faz necessário;
do outro lado, a universidade (o pesquisador) deve
entender e, principalmente, desejar a transformação
deste conhecimento em um "produto". E o conceito de
"produto" traz em si cronogramas que precisam ser
cumpridos, custos que devem ser avaliados, avaliações
a cada etapa crítica. Só a maturidade dos parceiros
evita que este quadro se transforme num "trem-fantasma"
para a empresa e numa "camisa-de-força" para o pesquisador",
analisa Marcus.
Dentro desse espírito de cooperação, a empresa, que
investe uma considerável parcela de seu faturamento
em atividades de P&D, acredita que o Instituto Virtual
de Fármacos do Rio de Janeiro possibilitará que a
Nortec identifique as competências nas suas áreas
de interesse. "Ao mesmo tempo em que os pesquisadores
das universidades e centros de pesquisa terão oportunidades
de identificar as áreas de pesquisa focadas pela empresa
com as quais eles poderão interagir", conclui.
Conforme o diretor da Nortec, o Rio de Janeiro possui
excelentes universidades e centros de pesquisas, além
de boa infra-estrutura para o desenvolvimento industrial.
Mas ele também aponta alguns problemas "As dificuldades
decorrentes da morosidade dos órgãos públicos para
fazerem as análises e responderem aos projetos de
investimentos criam uma preocupação que afasta os
investidores que aqui pretendem se instalar. No momento,
embora com muita lentidão, o Governo do Estado está
reduzindo a sua carga tributária, que era uma das
maiores do país. Este projeto, além de outros concedendo
incentivos fiscais, poderiam tornar o Rio de Janeiro,
muito atraente para a instalação de empresas farmoquímicas
e farmacêuticas", revela Marcus Soalheiro.
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