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E N T R E V I S T A
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PAULO BUSS
Presidente da
FIOCRUZ
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IVFRJ On Line
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Quanto a recente aquisição da área que era da Glaxo,
quais são os planos de utilização desse local?
Paulo Buss
- O plano para a nova planta industrial, no campus
de Jacarepaguá II, é a constituição de um Centro
Tecnológico de Medicamentos (CTM), que reunirá
produção e pesquisa e desenvolvimento em fármacos e
medicamentos, incluindo a maioria das fases desse
processo.
IVFRJ On Line - A Fiocruz, por meio de Bio-Manguinhos, está participando
do Programa Nacional de Competitividade em Vacinas (Inovacina).
A exemplo das vacinas, o programa está fazendo um
levantamento para a produção de medicamentos. A
Fiocruz também será parceira nesta área? Quais são
as prioridades?
Paulo Buss
-
Sim. O Projeto Inovação foi criado na nossa gestão
para fazer prospecção tecnológica de vacinas, como
também de medicamentos e reagentes e kits para
diagnóstico sorológico e molecular. Vamos investir
na produção de medicamentos para o SUS nas áreas de
assistência básica, de medicamentos estratégicos e
no alto custo, afinados com a política de
assistência farmacêutica do Ministério da Saúde.
Apenas para exemplificar, vamos manter a produção ou
passaremos a produzir medicamentos para hipertensão
e diabetes; anti-parasitários; anti-asmáticos
(inclusive aerosol); estatinas; anti-concepcionais;
anti-retrovirais; e alguns biofármacos. Em P&D,
vamos melhorar medicamentos, trabalhar em novas
apresentações e investir na Rede de Medicamentos do
PDTIS, que está em franco desenvolvimento.
IVFRJ On Line - Em outubro de 2003, na ocasião do lançamento do IFVRJ, o
sr. mencionou a assinatura de um acordo
com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, o
Museu Emilio Goeldi, o Instituto de Patologias da
Amazônia e centros militares de pesquisa. Como está
essa parceria? Há trabalhos promissores em
etnobotânica com perspectivas de geração de novos
fármacos?
Paulo Buss
- A partir de 2005 as sete grandes áreas de pesquisa
(malária; hepatites e outras viroses,
microbacterioses; SUS; verde; ambiente e saúde;
inclusão social; e produtos naturais) estarão
iniciando linhas e projetos, com financiamento de
multiplicar fontes. Nossas instituições já pediram
em conjunto, a autorização para funcionamento de um
Mestrado e Doutorado em Saúde, para formar uma base
forte de doutores em cima das linhas de pesquisa. A
área da etnobotânica será certamente uma das
prioridades, por muitas razões: a biodiversidade; a
experiência já acumulada na região; a existência de
recursos humanos nesta área entre as nossas
instituições; e as chances altas de alavancar
recursos financeiros dos fundos setoriais e de
outras fontes.
IVFRJ On Line - O setor farmacêutico é um dos que mais investe em
pesquisa, mas mesmo assim não existe um único
medicamento 100% brasileiro, considerando todas as
etapas de produção. Na sua opinião o que falta para
se ter um fármaco totalmente nacional?
Paulo
Buss -
A Lei de Inovação e a regulação das PPP são um
grande caminho que começa a ser trilhado. Precisamos
acelerar suas aprovações e a implementações.
IVFRJ On Line
- Como estimular o trabalho conjunto entre
universidades e empresas considerando a existência
de um parque industrial moderno, mas com pouca
capacidade de inovação e de outro lado as
universidades e os centros de pesquisa farmacêutica
abrigando 90% dos cientistas que produzem
conhecimento qualificado nesta área?
Paulo Buss
- O setor farmacêutico privado não investe em P&D no
Brasil. Esta afirmação categórica pode produzir
reações pontuais, que são as raras e honrosas
exceções para confirmar a regra. Quem investe em
pesquisa no Brasil são as universidades e institutos
de pesquisas públicas. Por isso, a nossa ciência vai
bem. Mas não o nosso desenvolvimento tecnológico.
Para isto – e para ter um fármaco brasileiro – é
preciso aproximar P&D com empresas. Por isto, nossas
chances de obter um fármaco brasileiro podem crescer
com uma política sustentada (no tempo e nos
recursos) nas áreas industrial, de C&T e, inclusive,
de comércio exterior, como o Brasil vem ensaiando. A
Lei de Inovação e PPP também serão decisivas.
IVFRJ
On Line
- Que tipos de incentivos/iniciativas são
necessários para tornar o Rio um estado atraente
para a instalação de empresas farmoquímicas e
farmacêuticas?
Paulo Buss
-
Precisaria diminuir a violência e a má fama da
cidade. Já existe o pólo industrial de Jacarepaguá.
A UFRJ, a UERJ e outras Universidades, a Fiocruz, os
institutos de Pesquisa da Petrobrás (a petroquímica
é base dos intermediários da indústria farmacêutica)
são ótimas Instituição de pesquisa e estão aqui no
Rio. O Governo do Estado e a Faperj precisaram
apostar ainda mais nesta área. O BNDES está aí, com
o Pró-Farma. Precisaríamos que as lideranças
públicas dos governos estadual e municipal, das
Universidades e da Fiocruz e a liderança empresarial
decidissem que esta área será prioritária e
trabalhassem com alguns focos promissores e um bom
gerenciamento de projetos. Os resultados certamente
apareceriam em pouco tempo. Vamos começar?
IVFRJ
On Line
- Qual a sua expectativa quanto ao Instituto Virtual
de Fármacos do Rio de Janeiro?
Paulo
Buss
- Acho que o IVF poderia ser o grande
galvanizador do processo que sugeri acima. A Fiocruz
está aí para ajudar com toda a energia e
perseverança. Aguardamos o chamado.