Influência Estratégica para Estruturação de Política Pública na Área de Saúde e Inovação

O I Ciclo de Conferências do Instituto Virtual de Fármacos do Rio de Janeiro (IVFRJ) está se consolidando como importante forma de debate e informação na área de ciência e tecnologia no Estado. Durante a 4ª palestra do Ciclo, realizada no último dia 22 de novembro na Academia Brasileira de Ciências, pôde-se ter uma noção do espaço que ainda existe entre o lado do cientista e o setor empresarial. Além disso, surgiram novas idéias na questão de custos e prioridades de medicamentos e na área de patentes de fármacos. O tema “Influência Estratégica para Estruturação de Política Pública na Área de Saúde e Inovação” foi apresentado pela professora Adelaide Antunes, da Escola de Química da UFRJ.

Apresentada aos presentes pelo professor Eliezer Barreiro, coordenador do IVFRJ, Adelaide Antunes agradeceu pela oportunidade e lembrou que conhece Eliezer a mais de trinta anos. O primeiro assunto destacado pela professora em sua palestra focava na situação das empresas que, segundo ela, estão cada vez mais próximas dos cientistas. “As pessoas estão mais pés no chão. Avançamos muito nesse contato com as empresas. Ninguém nos vê mais como teóricos, não os assustamos mais.”- disse.

A integração entre todos os setores é vista como fundamental por Adelaide que clamou por mais atenção do Governo Federal ao mercado de fármacos, destacando que o número de importações de princípios ativos e medicamentos é muito maior do que a quantidade de exportações. “É preciso uma ação conjunta da Academia, Governo e Universidades. É preciso investir e gerar novos empresários neste setor caso contrário estaremos complicados. Quanto mais trouxermos as empresas para fabricarem no Brasil, mais empregos estaremos disponibilizando de forma direta e indireta.”- comentou.

Ainda neste tema, Adelaide Antunes criticou a falta de informação e divulgação dos trabalhos realizados no país. A professora destacou algumas importantes fontes de informação sobre importação e exportação de fármacos, base de dados de patentes, base de produtores internacionais, além de ressaltar a importância de artigos científicos em evidência na web e em jornais.

Adelaide voltou a cobrar maior participação no Governo na fiscalização de produtos estrangeiros que entram no país. Entre os principais produtores de fármacos internacionais destacam-se China e Índia. E muitos dos medicamentos produzidos por eles são vendidos para o Brasil. Segundo ela, as barreiras encontradas no país são pequenas e facilitam a entrada de medicamentos do exterior. “O Brasil tem que exigir aqui o mesmo que os outros países exigem lá. Temos que criar uma barreira técnica, de qualidade. Desta forma estaremos fazendo com que as multinacionais voltem a fabricar os medicamentos aqui, trazendo investimentos.”- afirmou.

Outro tema bastante explorado foi o do custo de medicamentos e sua importância. De acordo com a professora Adelaide, o país ainda não definiu um foco para avaliação das necessidades de cada região. “Dependendo da região, você pode curar 90 por cento dos pacientes apenas com o uso de dez medicamentos e dos mais baratos. Para saber disso, é preciso um levantamento nas mais diversas regiões do Brasil. Tendo-se uma noção dessas necessidades os custos com certeza seriam reduzidos.”- falou.

Em meio às diversas sugestões e críticas, Adelaide Antunes se mostrou otimista em relação ao avanço do mercado de fármacos no Brasil. “Apesar de tudo estamos numa época privilegiada em termos de oportunidades. Tivemos um avanço significativo. O diálogo com a Anvisa melhorou muito, o que dá chance a um consenso no Fórum de Competitividade.”- disse.

Antes do encerramento, o professor Eliezer Barreiro concordou com Adelaide, lembrou da criação da Secretaria de Assistência Farmacêutica e da reestruturação na Anvisa e também demonstrou esperança. “Falta ainda a cultura da patente na área de inovação. Essa questão é essencial, mas sou otimista.”- comentou.


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