Por
que as empresas farmacêuticas não querem ficar
no Rio de Janeiro ?
|
Falta
de incentivos e pesada carga tributária não agradam
empresários do setor
Para alterar o quadro de deslocamento de empresas
farmacêuticas do Rio de Janeiro para outros estados,
o governo estadual lançou em 1998 o RIOFÁRMACOS,
um programa setorial de desenvolvimento da indústria
química fina de aplicações biotecnológica, farmacêutica,
de fármacos e de cosméticos. Mas a pós sete anos de
criação do programa, as condições para instalação
e manutenção de indústrias e empresas farmacêuticas
no Rio de Janeiro não agradam representantes do setor.
Como não era oferecido nenhum benefício de cunho fiscal
às empresas interessadas a entrar no estado, foi assinado,
em 2003, um decreto para tentar reverter esta situação,
que está amparado na lei 4321, de benefício da economia
fluminense, assinada pela Assembléia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro (Alerj) em maio do mesmo
ano. O decreto dispõe sobre a concessão de tratamento
tributário especial para os estabelecimentos industriais,
atacadistas e distribuidores integrantes da cadeia
farmacêutica localizados no Rio de Janeiro. O objetivo
do decreto seria conceder direitos tributários para
as empresas aqui instaladas e para aquelas que tivessem
interesse em entrar no Estado. Mesmo com algumas mudanças,
será que a situação mudou muito de lá pra cá ?
Segundo Carlos Louzada, diretor e consultor de marketing
dos Laboratórios B.Braun S/A, empresa instalada no
Estado do Rio desde 1968, não existem vantagens em
ter a sede da B. Braun em nosso Estado. De acordo
com ele, não existem incentivos. "O ICMS é de 19%,
o mais alto do país. Além disso, segurança e infra-estrutura
de serviços públicos são deficientes". Ainda segundo
o diretor da empresa, o RIOFÁRMACOS não oferece atrativos
que beneficiem as empresas já existentes no Rio de
Janeiro. "O Estado de São Paulo, por exemplo, reduziu
o ICMS para produtos farmacêuticos de 18% para 12%",
afirma Louzada.
Mas, o que fazer para que o Rio de Janeiro volte a
ter a característica de pólo industrial farmacêutico,
característica essa que começou a perder no início
dos anos 80 ? Segundo João Paes de Carvalho, diretor
executivo da ABRABI, Associação Brasileira das Empresas
de Biotecnologia, um grande problema é a acomodação
dos empresários do Estado. "Muitos empresários
não se interessam e não se preocupam com o que está
acontecendo no Estado do Rio. Precisamos nos reunir
e encontrar saídas para a situação." De acordo
com ele, é preciso também aumentar a oferta e a capacidade
de pesquisa tanto a nível Brasil quanto mundial. "É
preciso fazer um link com órgãos oficiais para termos
a capacidade de criar um parque tecnológico no Estado
e para voltarmos a ser referência no setor", conclui.
|
|