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IVFRJ On Line - 16ª Edição
Ano II - 27 de julho de 2005
Um pouco de Terminologia - Parte II

O Professor François Noël, Chefe do Departamento de Farmacologia Básica e Clínica da UFRJ, e membro do conselho consultivo deste instituto, é nosso colaborador nesta série sobre a terminologia farmacêutica.


» BIODISPONIBILIDADE

Apesar deste conceito ser tão importante no processo de controle de qualidade de medicamentos, entre outros para assegurar a bioequivalência entre medicamentos genéricos e referências, há grande quantidade de definições errôneas ou pelo menos ambíguas na literatura especializada, quer seja em livros textos ou em resoluções das agências regulatórias.

Antes de chamar a atenção sobre alguns erros conceituais encontrados na literatura, gostaria de apresentar uma definição que me parece das melhores por ser simples, objetiva, completa e moderna: "A biodisponibilidade mede a velocidade e extensão com as quais um fármaco atinge a circulação sistêmica" (Canadá - Guidance for industry - Conduct and Analysis of Bioavailability and Bioequivalence Studies - Part B: Oral Modified Release Formulations). Nota-se que definição semelhante é encontrada em vários tratados especializados (eg: Applied Biopharmaceutics and Pharmacokinetics, ed. Shargel, L & Yu, A.B.C. Stanford, Connecticut, 1999; Tratado de Farmacologia Clínica e Farmacoterapia , ed. Grahame-Smith, D.G. & Aronson, J.K. - 3a edição, Guanabara Koogan).


Erros conceituais mais comuns:

1. As definições apresentadas pelas agências regulatórias americana (FDA) e européia (EMEA) falam em disponibilidade do fármaco no sítio de ação, o que é impossível de se medir na prática e, portanto torna a definição estéril e incoerente em relação aos parâmetros avaliados para se quantificar a biodisponibilidade de um fármaco, na prática (para comentários sobre estes parâmetros, vide: Informativo profissional do Conselho Federal de Farmácia - Infarma - 15 (n.1-3): 48-50, 2003). Devido à força do FDA e a aspectos históricos, esta definição sabidamente confusa é repetida em vários livros textos.

2. Apesar de não ser tão comum, devemos ressaltar outro erro conceitual, desta vez encontrado na legislação brasileira que usa o termo "absorção" (vide definição abaixo) em vez de "(absorção e) disponibilidade sistêmica". De fato, a RDC nº10 da ANVISA diz que a biodisponibilidade "indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina". Este erro de terminologia pode gerar grande confusão, já que um fármaco que sofrer importante efeito de primeira passagem hepática (como o propranolol, por exemplo) possui um baixo fator de biodisponibilidade (parâmetro que mede a extensão da biodisponibilidade, vide abaixo) apesar de ser bem absorvido: de fato, o propranolol consegue atravessar a barreira da mucosa intestinal e chegar na circulação sanguínea local, mas é intensamente metabolizado no fígado, ou seja, antes de chegar na circulação sistêmica, havendo assim baixa disponibilidade sistêmica do fármaco inalterado (não metabolizado).

3. Um terceiro erro conceitual grave, e infelizmente muito comum, é de confundir biodisponibilidade e fator de biodisponibilidade, um parâmetro que mede, somente, a extensão da biodisponibilidade (e não a sua velocidade). Infelizmente este erro encontra-se em três livros de Farmacologia muito usados por nossos alunos de graduação, a começar pela "bíblia" do Farmacologista (Goodman Gilman`s The pharmacological basis of therapeutics - ed. Hardman, J.G., Limbird, L.E. & Gilman, A.G., 10º edição internacional, Mc-Graw-Hill Co; Farmacologia Básica e Clínica - ed. Katzung, B.G., 8º edição, Guanabara Koogan; Farmacologia - ed. Rang, H.P., Dale, M.M., Ritter, J.M. & Moore, P.K., 5º edição, Elsevier Editora Ltda.).


» ABSORÇÃO

Apesar de ser um termo muito usado e aparentemente sem ambigüidade, há risco de mal-entendido, sobretudo pela falta de definição pelos órgãos regulatórios do país (ANVISA) e de fora (FDA/USA; CEE; Canadá), mesmo quando eles utilizam este termo em resoluções abordando os ensaios de biodisponibilidade (vide acima). De forma estranha, a maioria dos livros textos de Farmacologia pecam também em não definir o processo de absorção. Assim sendo, nós parece útil apresentar aqui uma definição quase que de consenso entre as fontes consultadas (eg, Principles of Pharmacology: Basic concepts clinical applications - ed. Munson, P.L., Mueller, R.A. & Breese, G.R., 1º edição, Chapman Hall): "a absorção envolve a passagem das moléculas do fármaco através de barreira(s) existente(s) entre o sítio de administração e o compartimento vascular". É fundamental ressaltar aqui que o compartimento vascular a ser considerado (e isso nem sempre esta claro) é o da circulação local (por exemplo, as veias mesentéricas, para a absorção intestinal) e não da circulação sistêmica. Esta precisão é muito importante para não confundir os conceitos de absorção e biodisponibilidade (vide acima o exemplo do propranolol).

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