O que é o IVFRJ
Porque o IVFRJ
Instituições Associadas
Localização
Conselho Consultivo
Atas
Cadastro
Equipe
Home

IVFRJ OnLine
.: Nova Edição
.: Edições Anteriores
Eventos
Biografias
Links
Notícias
Sala de Leitura
Cadernos do IVFRJ
O que são os IV's
Outros Institutos Virtuais
Fale Conosco

Universidades
Laboratórios Governamentais
Laboratórios Privados
Institutos

Cadeia Produtiva
Histórico
Estórias

IVFRJ On Line - 18ª Edição
Ano II - 08 de setembro de 2005
Alga do litoral brasileiro é promessa no combate ao HIV
Pesquisadores da UFF descobrem atividade antiviral e batalham por um novo fármaco

Depois de dez anos de estudos, as biólogas Valéria Laneuville Teixeira e Izabel Paixão Frugulhetti, do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense, estão próximas de um novo medicamento antiviral, que se mostrou promissor no combate ao HIV-1. A base da pesquisa são as algas pardas Dictyota menstrualis (do litoral fluminense) e Dictyota pfaffii, encontrada na costa do Atol das Rocas (RN), e da qual as pesquisadoras extraíram diterpenos polioxigenados que foram capazes de inibir em 95% a replicação do vírus da Aids.

De acordo com as pesquisadoras, os diterpenos têm se mostrado como drogas específicas, com baixa citotoxicidade e grande atividade antiviral frente a uma infinidade de outros produtos naturais avaliados.

Os testes de antivirais avaliam a atividade da enzima transcriptase reversa do HIV-1, que é uma enzima chave do ciclo replicativo desse vírus.

"Nos ensaios no sistema acelular, produzimos as enzimas em bactérias e vemos a atividade desses diterpenos frente à enzima transcriptase reversa do HIV. Daí, avaliamos os resultados, comparando, por meio de estudos sinergísticos, com o AZT, que é a principal droga utilizada no coquetel contra a Aids", relata a bióloga Valéria Teixeira.

A pesquisa está na fase 1, que se compõe de estudos acelulares in vitro, utilizando culturas de células. Mas as pesquisadoras já se preparam para a etapa seguinte.

"Estamos entrando na segunda fase, com testes em camundongos, o que chamamos de testes in vivo. A terceira fase será com os testes em humanos, então a partir daí há a possibilidade da droga ir para a prateleira das farmácias", explica Izabel Frugulhetti. As pesquisadoras acreditam que se tudo der certo nos testes in vivo, os avanços serão mais rápidos, podendo a próxima fase, ou seja, os testes com pessoas, se iniciar em três ou quatro anos.

Depois que o medicamento for produzido, as biólogas pensam no futuro em sintetizar os dipertenos e utilizar as técnicas de modelagem molecular para melhorar a atividade antiviral. "A modelagem molecular é um trabalho frente a programas de computador, onde se usa a atividade biológica da droga e relaciona com a estrutura da droga, tentando encontrar uma melhor posição dos radicais, para se obter uma maior atividade antiviral frente a enzima", planeja Izabel.


Mais eficiente e menos tóxico

Para chegar a um novo medicamento, é importante que a substância demonstre nos testes que, além do efeito antiviral, tenha baixa citotoxicidade. No caso do diterpeno encontrado da alga Dictyota piffaffii a concentração em média, que dá a inibição do vírus é 100 vezes acima que o AZT. "Trabalhamos em nossos testes com uma concentração de 10 µM (micro molar), e o AZT em média é de 0,01 µM. Entretanto, o diterpeno não tem tantos efeitos colaterais. É muito importante essa relação entre atividade antiviral e a citotoxicidade, porque na verdade não adianta uma droga extremamente antiviral, mas que mate o paciente. Por isso, acredito que a conjugação desses dois dados seja fundamental para uma droga ser promissora contra o HIV. ", anima-se Izabel. Ainda segundo ela, o próximo passo é tentar uma patente dos diterpenos.

A pesquisa, que foi financiada pelo CNPq (o maior financiador), Fundação O Boticário (Atol das Rocas) e Marinha do Brasil, por meio do IEAPM (Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira - Arraial do Cabo), demonstrou que o diterpeno funciona também contra o Herpes, que segundo as biólogas é um vírus mais simples. "Observamos que o diterpeno age também como inibidor no ciclo replicativo do Herpes. Mas nossos esforços estão concentrados no HIV, por ser muito mais difícil encontrar compostos com atividade antiviral que funcione no ciclo replicativo desse vírus", explica a bióloga.


Obra do acaso

A bióloga Valéria Teixeira conta que a descoberta foi obra do acaso. "Eu trabalho com produtos naturais de algas e a Izabel com antivirais. Eu tive uma aluna de graduação que foi fazer doutorado com a Izabel e queria trabalhar nessa área dos antivirais. E depois de uma série de problemas que ela teve com outras linhas, ela resolveu testar os produtos que nós estávamos isolando no laboratório dessa alga. E aí tudo deu certo e começou assim. Foi por acaso", lembra Valéria.

Para Izabel os resultados positivos chegaram em boa hora. "Para você ter uma idéia nós já tínhamos testado cerca de 400 produtos, entre naturais e sintetizados, esses com o apoio do Instituto de Química da UFF. No caso de Herpes alguma coisa até deu certo, mas para o HIV nós não tivemos tantos resultados. Então quando o diterpeno da professora Valéria deu certo, foi uma glória", comemora a bióloga.

E os pontos positivos não param por aí. Na busca por novos medicamentos antivirais, as pesquisas ajudam a entender mais o funcionamento dos vírus. "Nosso objetivo são drogas com potencial atividade antiviral. Entretanto, essas drogas nos ajudam também a entender o ciclo replicativo viral, pois existem muitas etapas que não são compreendidas. Isso também é fundamental pra gente, por que isso vai levar a estudos futuros importantes. E quanto mais você conhece a replicação do vírus, mais se pode atacá-lo com drogas antivirais", completa Izabel.


FAPERJ

LASSBio

English Version
Desenvolvida por
Cúpula Informática
Visitantes: