Medicamento contra a malária derivado da planta
chinesa será produzido no Brasil
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Febre
alta e calafrios são os sintomas mais marcantes da
malária, doença causada por um organismo de apenas
uma célula, os protozoários chamados Plasmodium ou
plasmódio, e transmitida ao homem pela picada de mosquitos
do gênero Anopheles. A Amazônia brasileira concentra
a quase totalidade dos casos na América Latina, com
registro médio de cerca de 450 mil por ano.
O quadro previsto para este ano não é muito alentador.
Estima-se que o número chegue a mais de 600 mil casos,
com cerca de 200 mil novos no Estado do Amazonas,
metade dos quais apenas em Manaus. Como não existem
vacinas para combater a doença, um dos tratamentos
recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
é feito com medicamentos derivados da artemisinina,
o princípio ativo extraído da artemísia (Artemisia
annua), um arbusto que ocorre naturalmente na China
e no Vietnã, onde é usado há muitos séculos pela população,
em forma de chá, para tratamento da febre da malária.
Embora a doença seja endêmica no Brasil, só agora,
com os resultados de pesquisa realizada pelo Centro
Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas
e Agrícolas (CPQBA), da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), um medicamento feito a partir das folhas
da artemísia será totalmente produzido no país pela
empresa Labogen, de Indaiatuba, no interior de São
Paulo. Em 2006, a planta produzida no Brasil será
processada e transformada em antimalárico.
Atualmente a matéria-prima para elaboração dos remédios
usados para tratamento da malária é importada da China
e do Vietnã. "O grande problema é que o material importado
apresenta variações grandes no teor de pureza, resultando
num produto sem padronização", diz a pesquisadora
Mary Ann Foglio, coordenadora da pesquisa na universidade.
"Sem contar que é importante o país ser auto-suficiente
na produção de um medicamento tão necessário."
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