Além
de um futuro promissor |
Pesquisadores
e empresários debatem doenças negligenciadas e crescimento
industrial
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"inovação
é o berço do crescimento. As empresas que mais
faturam, que mais vendem são as empresas que
apostam na inovação. Os preços dos fármacos
inovadores são o dobro dos preços médios de
qualquer medicamento. Inovar é fundamental para
o crescimento da empresa e da sustentação da
mesma no mercado e do próprio mercado!" |
Roberto
Debom
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Mesmo
diante de um quadro otimista para a indústria brasileira
de fármacos, nos próximos quatro anos, o que marcou
a reabertura do I Ciclo de Palestras do Instituto
Virtual de Fármacos no dia 7 de março, no auditório
da Academia Brasileira de Ciências, foi um debate
sobre doenças negligenciadas. Os números apresentados
pelo farmacêutico Roberto Debom Moreira, gerente do
Departamento de Desenvolvimento de Novos Produtos
do Laboratório Cristália, em sua palestra "Perspectivas
da Indústria Brasileira na Área de Fármacos" abriram
espaço para perguntas e sugestões sobre as doenças
que ainda matam milhões de pessoas no mundo.
O professor Ayres, da Uerj, iniciou o questionamento
perguntando se a indústria brasileira tem interesse
em produzir medicamentos para as doenças negligenciadas,
havendo, também, uma ação positiva do governo. Enfático,
Debom respondeu que "com uma política do governo
que não use a indústria nacional como bode expiatório,
teremos o maior interesse. Mas tem que ter um companheirismo
do governo." Diante da resposta positiva do empresário,
o prof. Ayres lançou a idéia de se montar uma planta
piloto numa empresa nacional com o apoio e colaboração
da universidade.
O argumento mais recorrente quando se trata de produção
de medicamentos para as chamadas doenças negligenciadas
(malária, doença de Chagas, leishmaniose, tuberculose,
hanseníase) é a baixa lucratividade para as empresas.
Como estas doenças se manifestam principalmente nos
países subdesenvolvidos, onde os infectados não têm
dinheiro para comprar os medicamentos, as grandes
empresas e até muitos governos não investem em pesquisa
em remédios para controlar e curar tais doenças.
O professor David Tabak contestou essa argumentação
dizendo que países ricos como os EUA vem se preocupando
com a questão, pois estão entrando em contato com
as doenças. "É o caso, por exemplo, da malária
que ataca as tropas em ações militares na África.
Isso mostra que as doenças negligenciadas também estão
se aproximando das grandes nações. Por isso não há
mais como as empresas se escudarem nesse refrão."
afirmou. Tabak sugeriu que as empresas nacionais revejam
seus conceitos de lucratividade e invistam nos fitoterápicos
para enfrentar as grandes multinacionais.
Inovar para crescer
De acordo com Debom "inovação é o berço do
crescimento. As empresas que mais faturam, que mais
vendem são as empresas que apostam na inovação. Os
preços dos fármacos inovadores são o dobro dos preços
médios de qualquer medicamento. Inovar é fundamental
para o crescimento da empresa e da sustentação da
mesma no mercado e do próprio mercado!" - disse
o gerente do laboratório paulista.
Entre 2002 e 2005, o mercado interno cresceu cerca
de 35%, principalmente na área dos genéricos, passando
de US$ 159 milhões para US$ 477 milhões nesse período.
Dentro desse cenário, Roberto Debom destacou o desempenho
de alguns laboratórios nacionais como Medley, Teuto,
Neo Química, Biosintética, Eurofarma entre outros.
Para os próximos quatro anos a projeção é positiva
com um crescimento de 3,2% do mercado, algo em torno
de 8,3 milhões de reais. Ele também apresentou alguns
aspectos econômicos de países da América Latina e
afirmou que a evolução do mercado de fármacos está
intimamente ligada a diversos fatores como: o crescimento
do PIB e a diminuição da inflação.
O farmacêutico graduado pela Universidade de Santa
Maria no Rio Grande do Sul, com mais de uma centena
de novas formulações desenvolvidas, exigiu uma maior
atuação política para manter o crescimento da indústria
brasileira. "É uma tendência para os próximos quatro
anos que os esforços governamentais sejam intensos,
porém ainda pontuais. Não há previsão de reforma estrutural
no sistema de saúde.", afirmou Debom.
Programas com benefícios atraentes
O diretor presidente da CODIN (Companhia de Desenvolvimento
Industrial do Rio de Janeiro), Helio Cabral também
participou do evento. Ele apresentou dados sobre os
programas do governo do Rio de Janeiro para atrair
empresas de diferentes setores, inclusive o farmacêutico,
para o estado. "Elaboramos uma política tributária
com benefícios mais atraentes do que qualquer outro
estado da nação.", disse. Ainda segundo ele, hoje
o órgão tem de 40 a 50 empresas já enquadradas.
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