Lama
negra tem efeito positivo no controle da artrite
reumatóide |
Os
resultados de um experimento científico desenvolvido
na Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (USP) poderá ajudar a embasar uma antiga
tradição, realizada há muitos
anos na cidade de Peruíbe, litoral sul de
São Paulo. A lama negra, encontrada em mangues
da região, e usada pelos moradores com freqüência
para fins teraupêticos, mostrou ter um efeito
positivo no controle da artrite reumatóide,
doença que afeta as articulações
do organismo humano.
Ao ser utilizada em ratos com artrite induzida,
a lama negra permitiu a diminuição
dos quadros inflamatórios nos animais, além
de uma melhora na destruição de tecidos
da articulação. Em entrevista à
Agência Fapesp a biomédica Zélia
Maria Nogueira Britschka, autora da pesquisa disse
que “esse tipo de lama possui alta concentração
de elementos traços, ou seja, minerais que
o organismo humano necessita em pequenas quantidades.
E podem ser eles os responsáveis pelo efeito
antiinflamatório da lama negra”, afirmou
Zélia.
Segundo
a pesquisadora, o alumínio, o silício,
o cálcio e o enxofre foram os principais
elementos identificados na lama de Peruíbe.
“Ainda não sabemos se todos ou apenas
um desses minerais agem contra a dor. Os próximos
estudos vão se concentrar em identificar
quais desses elementos é realmente absorvido
pela pele”, afirma.
Além
de verificar seu possível efeito terapêutico
em humanos, o grande desafio agora é promover
o uso racional da lama negra de Peruíbe.
“Esse é um material retirado da natureza
que não consegue se repor. O solo que substitui
o local é a areia e não mais a argila”,
conta Zélia. Além disso, os próprios
manguezais do Sul de São Paulo, fora das
áreas protegidas, estão sob constante
ameaça.