Diretor-presidente
da Anvisa fala sobre fracionados |
Em vigor desde o dia 12 de maio, as novas regras
para os fracionados ampliaram o acesso da população
aos medicamentos, sem afetar a sua qualidade. O
diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello,
concedeu uma entrevista sobre o tema.
O diretor garantiu a qualidade dos processos e destacou
os benefícios desse tipo de medicamento nos tratamentos.
"Os fracionados estão sujeitos aos mesmos padrões
de produção de todos os outros medicamentos à disposição
no mercado nacional", afirmou.
Confira a entrevista dada ao site oficial da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária:
Os medicamentos fracionados têm qualidade e são
tão seguros quanto os embalados em quantidades maiores
já conhecidos?
Dirceu: Sim, quanto à qualidade e segurança
podemos garantir tranqüilidade absoluta aos consumidores.
Os fracionados estão sujeitos aos mesmos padrões
de produção de todos os outros medicamentos à disposição
no mercado nacional. Neste ponto, as exigências
brasileiras são equiparadas a dos países do primeiro
mundo. Todos os fabricantes devem seguir regras
chamadas de Boas Práticas de Fabricação, cuja aplicação
é checada periodicamente pela fiscalização.
Mas, no ponto de venda, na hora em que o medicamento
pode ser picotado, ou repartido, não é possível
haver contaminação, mistura ou troca?
Dirceu: Este risco não existe e aí
é que está o diferencial do fracionamento adotado
pelo Brasil. Só se pode fracionar mantendo-se o
que chamamos de embalagem primária dos produtos.
Ou seja, o medicamento por menor que seja a dose
tem que continuar envolto num blister, numa pequena
bisnaga, numa ampola, etc. E esta embalagem menor
tem que conter informações básicas sobre a origem
do produto, para que possamos rastreá-lo em caso
de alguma dúvida quanto à procedência.
Como se dá a fiscalização da qualidade dos medicamentos
no Brasil?
Dirceu: A Anvisa é a coordenadora
do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, que
é formado pelas vigilâncias de estados e municípios
e pelos laboratórios de análises. Antes de começar
a fabricar, a indústria deve solicitar registro
de seu produto à Anvisa. Para obtê-lo, terá que
se adequar à legislação própria, com regras sanitárias
que abrangem da área física do prédio à qualificação
profissional dos funcionários, passando por maquinário,
origem da matéria-prima, transporte da mercadoria,
pontos de checagem de qualidade e outros itens.
As farmácias recebem visitas periódicas das vigilâncias
dos estados e municípios. Além disso também é feito
recolhimento de amostras para análise em laboratório
visando saber se o produto que está sendo vendido
mantém as características especificadas quando de
seu registro. Por fim, temos o trabalho de Farmacovigilância,
que é a investigação de problemas porventura ocorridos
com medicamentos já em uso.
O senhor recomenda que as pessoas passem a procurar
os medicamentos fracionados?
Dirceu: Por vários motivos os fracionados
passam a ser uma grande opção. Por questões econômicas
e sanitárias porque se a pessoa precisa, por exemplo,
só de três comprimidos vai pagar só por três, além
de evitar a armazenagem de remédio em casa, o que
inibe a auto-medicação e os acidentes com intoxicação
por medicamentos. Também se evitará que sobras sejam
descartadas no meio-ambiente.
Recomendo também porque defendo o uso racional dos
medicamentos, que significa acesso ao remédio adequado
para uma finalidade específica, em quantidade, tempo
e dosagem suficientes para o tratamento correspondente,
sob a orientação e a supervisão de profissional
qualificado, com trânsito de informações e acompanhamento
dos resultados do uso.
E onde as pessoas podem encontrar medicamento
fracionado?
Dirceu: A regulamentação permite que
tanto farmácias quanto drogarias, sem distinção,
possam oferecer remédio na quantidade exata que
o consumidor pedir. Basta apresentar a receita médica
especificando a quantidade. O próprio balconista
pode atender e "repartir" o medicamento, desde que
esteja sendo supervisionado por um farmacêutico,
profissional qualificado que deve sempre estar à
disposição no estabelecimento. A farmácia ou drogaria
tem que ter uma parte do balcão destinada a isso,
onde haverá uma placa indicando "Área de Fracionamento".
A rigor, já é possível encontrar 26 produtos em
várias apresentações nesses estabelecimentos. É
importante o paciente pedir ao médico que prescreva
na dose certa para que ele possa comprar só o necessário.