O que é o IVFRJ
Porque o IVFRJ
Instituições Associadas
Localização
Conselho Consultivo
Atas
Cadastro
Equipe
Home

IVFRJ OnLine
.: Nova Edição
.: Edições Anteriores
Eventos
.: 2004
.: 2005
.: 2006
Biografias
Links
Notícias
Legislação
Sala de Leitura
O que são os IV's
Outros Institutos Virtuais
Fale Conosco

Associações, Conselhos & Sindicatos
Distribuidoras
Hospitais
Indústrias
Indústrias
.: Laboratórios
Laboratórios
.: Governamentais
.: Privados
ONG´S
Universidades
.: Instituições
.: Pesquisadores

Cenário Farmacêutico
.: Perfil Empresarial em Fármacos no RJ
.: Impacto Sócio-Econômico da Indústria Quimica - RJ
.: Dados IBGE - Pesquisa Industrial 2004
.: Pesquisadores por Km2 RJ/SP/MG


Cadeia Produtiva
Histórias

IVFRJ On Line - 32ª Edição
Ano III - 20 de julho de 2006
Lei de coabais: polêmica está longe de acabar
Veto do Prefeito é mantido e gera mais discussão entre parlamentares e cientistas

Aprovado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro no dia 21 de março de 2006 e vetado integralmente pelo Prefeito Cesar Maia no dia 12 de maio, o projeto de lei 325/2005, de autoria do vereador Cláudio Cavalcanti, ainda gera polêmica. No dia 20 de junho foi realizada uma audiência pública para debater o assunto. Mediada pelo vereador Cláudio Cavalcanti, com uma mesa composta por biólogos, filósofos, médicos e um advogado, a audiência foi considerada anti-democrática pelos cientistas.

O debate foi introduzido pelo relator da matéria, o vereador Cláudio Cavalcanti. Em seguida, foi a vez dos componentes da mesa se pronunciarem. Os discursos do Dr. Marcelo Andrade Ribeiro, cardiologista da USP, do Dr. Marcio Bontempo, doutor em Homeopatia pela da Universidade São Camilo, da Dra. Preci Haydee Grohmann, ex-professora da UFRJ, e do Sr. Sergio Greif, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo, foram a favor do projeto proposto pelo mediador da mesa.

Nos dez minutos finais, único tempo destinado aos cientistas presentes,  os aplausos e gritos de "bravo” cessaram. A vereadora Silvia Pontes, que não apóia a lei, sob vaias da maioria presente, expôs as razões de sua posição contrária ao projeto do vereador e leu mensagem dos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, que resolveram não comparecer visando desmoralizar o parlamentar. Após a leitura da carta, foi a vez do Prof. Pedro Lagerblad de Oliveira, da UFRJ, fazer seu discurso e apresentar alguns argumentos da comunidade científica do Rio de Janeiro em oposição ao projeto. O Dr. Pedro afirmou em seu discurso que o único período em que testes experimentais foram realizados em seres humanos foi durante a Segunda Guerra Mundial, pelos nazistas.

Em clima de guerra, a audiência teve fim. No entanto, a polêmica gerada por esse projeto está longe de acabar. Na próxima semana haverá uma votação para tentar derrubar o veto do Prefeito Cesar Maia e os pesquisadores prometem continuar sua ofensiva. Na tentativa de manter o veto, os cientistas vão atacar com um bombardeio de cartas e artigos aos jornais, visando demonstrar o quão absurdo é o projeto do Herr vereador Cláudio Cavalcanti.

Com conseqüências graves para as instituições de C&T do estado, essa lei não afetaria somente a comunidade científica. Sem a possibilidade de testes com animais, a sobrevida das pessoas e a perspectiva de tratamento de doenças graves também seriam negativamente afetadas. O que causaria horas paradas, absenteísmos no trabalho, nas escolas e nas universidades, por causa da saúde comprometida, gerando prejuízos para a atividade econômica e intelectual.


Inconstitucionalidade e ilegalidade

O projeto de lei 325/2005, publicado no dia 16 de junho de 2005, proíbe a vivissecção, assim como o uso de animais em práticas experimentais que provoquem sofrimento físico ou psicológico aos mesmos, sendo essas com finalidades pedagógicas, industriais, comerciais ou de pesquisa científica. A lei causou extremo alvoroço e manifestação dentro da comunidade científica, que será excessivamente desfavorecida caso o veto do Prefeito Cesar Maia seja derrubado. Segundo o texto aprovado, as instituições e estabelecimentos de ensino ou de pesquisa científica, industriais e comerciais que descumprirem a lei pagarão multa de R$ 2 mil por animal usado. Em caso de reincidência, a instituição ou o estabelecimento infrator terá o alvará de funcionamento cassado.

Em seu ofício de resposta à Câmara, o Prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, vetou a lei. Afirmou que a mesma continha "vícios de inconstitucionalidade e ilegalidade”, acrescentando que o projeto de lei encontra-se "inconveniente e inoportuno ao público interesse municipal. Verifica-se assim que a vedação da utilização de animais em pesquisas é medida que, além de contrariar a legislação federal sobre o tema, pode representar um grande atraso científico e tecnológico para o município do Rio de Janeiro, onde se localizam instituições renomadas em pesquisas biológicas, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Fundação Oswaldo Cruz”.

O Dr. Marco Aurélio Martins, pesquisador da Fiocruz, falou da reação da comunidade científica perante o projeto: "A surpresa foi generalizada. Foi através da imprensa que tomamos conhecimento de que tal projeto existia e havia sido aprovado. Os vereadores na verdade deram aval ao projeto sem maiores discussões, sem saber das repercussões que a lei poderia trazer à população. A reação efetiva da comunidade científica está pautada no sentido de explicar porque é necessária a utilização dos animais de laboratório para a pesquisa biomédica, não só aos parlamentares, mas à toda a sociedade”.

Na tentativa de apresentar um lado que não foi esclarecido pelo vereador ao submeter o projeto, a comunidade científica enviou cartas, e foi ao parlamento para discutir e debater o problema criado pela aprovação do projeto. "O tema da utilização dos animais em pesquisa é complexo e não pode ser tratado com mitos, desinformação e muito menos radicalismo.” - criticou o Dr. Marco Aurélio.

Em uma dessas cartas enviadas ao prefeito da cidade do Rio de Janeiro, o professor Walter Colli, da Universidade de São Paulo, torna claro: "A questão da experimentação animal se instala num primeiro princípio: ela é essencial para o progresso da ciência, pois inúmeras são as lacunas de conhecimento básico e de produtos tecnológicos que tratem o conjunto de questões de saúde humana e veterinária. Apesar do país já lançar mão de diversas abordagens alternativas, como o uso de cultura de células, ou o uso de simulações computacionais, o setor de pesquisa biomédica e biológica ainda não pode prescindir dos procedimentos que utilizam animais de laboratório, tais como testes de cinética ou de toxicidade de novos medicamentos ou produtos imunobiológicos.”

O pesquisador da Fiocruz também falou dessas abordagens alternativas: "Novos métodos que não utilizam animais estão sendo desenvolvidos, muitos deles com sucesso, pelos cientistas da área biomédica. Esses métodos certamente já contribuem para a diminuição da quantidade de animais empregados em pesquisa. Contudo, infelizmente, estamos muito longe de eliminar por completo os animais das pesquisas. É preciso reconhecer, também, que os métodos baseados somente nos testes in vitro e em simulações de computador são insuficientes para permitir o desenvolvimento da cirurgia, das técnicas para o tratamento intensivo, e investigações das quais dependem os medicamentos e as vacinas eficazes e seguras. Muitas vezes o que se chama de "método alternativo” não é exatamente alternativa ao uso do animal mas precisa ser empregado junto com ele.”

Além da busca por processos alternativos de pesquisa, existem outras formas pelas quais a comunidade científica visa minimizar o sofrimento dos animais de experimentação. Em união ao bom senso e à conscientização dos pesquisadores, existem os Princípios Éticos na Experimentação Animal. "Redigido em 1991, pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), este documento postula 12 Artigos que norteiam a conduta dos professores e dos pesquisadores na prática do uso de animais. Hoje todas as instituições sérias de pesquisa têm Comitês de Ética no Uso de Experimentação Animal, e só desenvolvem projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico quando respaldados por parecer favorável desses Comitês."- conclui o professor Walter Colli.


FAPERJ

LASSBio

Desenvolvida por
Cúpula Informática
Visitantes: