Organismos marinhos no combate a doenças |
Compostos de extratos de organismos marinhos estão
sendo isolados no laboratório de Roberto
Berlinck, professor do Instituto de Química
da Universidade de São Paulo em São
Carlos. Esse é o ponto inicial de um longo
trabalho que poderá levar a produtos naturais
úteis para o combate de doenças. Alguns
desses compostos já demonstraram um bom desempenho
contra a Leishmania major e a Mycobacterium tuberculosis,
causadoras, respectivamente, da leishmaniose e da
tuberculose. E boa parte dessas preparações
químicas já foi alvo de pedidos de
patentes.
“Essa é uma área nova na química.
O grande interesse pela extração de
produtos naturais de organismos marinhos começou
na década de 1990”, disse Berlinck
à Agência Fapesp. Segundo o pesquisador,
que desenvolveu todos os seus projetos em parceria
com grupos de outras áreas e de outras universidades,
ainda existem enormes obstáculos antes de
colocar essas moléculas químicas em
produtos comerciais.
O primeiro problema, explica Berlinck, é
a quantidade de material que precisa ser obtido.
“As concentrações até
agora foram muito pequenas. Como não existe
a possibilidade de criar esponjas, por exemplo,
a única saída é a síntese
desses compostos. E isso cabe aos químicos.
Temos muito trabalho pela frente”, conta.
Um dos compostos isolados, extraído de uma
espécie de esponja (Callyspongia sp), não
havia sido descrito no mundo. “São
derivados de terpenos, que receberam os nomes de
ilhabelanol e ilhabreno, ambos em homenagem a Ilhabela”,
explica. As coletas das esponjas foram feitas no
litoral norte de São Paulo.
“Essa área da microbiologia marinha
tem um potencial elevado. O foco, em praticamente
todo o mundo, está sendo fechado sobre os
microrganismos marinhos, como os fungos, e sobre
as esponjas”, avisa Berlinck, claramente tentando
inspirar jovens químicos a seguir os caminhos
que levam ao mar.
Fonte: Agência Fapesp