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IVFRJ On Line - 43ª Edição
Ano III - 28 de março de 2007
Nova política leva plantas medicinais e fitoterápicos ao SUS

Por Lucia Beatriz

Atendendo a uma demanda da sociedade brasileira, em 2006, o Ministério da Saúde criou duas políticas públicas para normatizar o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde o final de setembro do ano passado, um Grupo de Trabalho composto por representantes de diversos Ministérios, Casa Civil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), se reúne para elaborar o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.

Após cinco anos de discussão entre o governo, comunidade científica e a Casa Civil, em 22 de junho de 2006, foi assinado o decreto n° 5813 que deliberou sobre a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Este decreto estabeleceu as linhas de ações prioritárias paro o uso racional desses medicamentos e as diretrizes para melhoria da qualidade de vida da população e do complexo produtivo na área da saúde. A expectativa é que a política resulte na minimização da dependência tecnológica no Brasil, estabelecendo uma posição de destaque no cenário internacional.

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no âmbito do SUS, publicada na forma de Portaria Ministerial n°1600, em 17 de julho de 2006, passou a ampliar as opções terapêuticas dos usuários do SUS, que podem agora ser tratados à base de plantas medicinais, fitoterapia, homeopatia, acupuntura, crenoterapia, entre outras terapias naturais.

Para o professor Leandro Machado, coordenador do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica em Produtos Naturais, da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal Fluminense (UFF), o ano de 2006 foi bastante rico em debates e discussões institucionais em torno da fitoterapia. "Esses debates culminaram com a elaboração de dois documentos muito importantes. Esses documentos, além de propiciarem a utilização da fitoterapia pelos usuários do SUS, visam a melhoria da atenção à saúde, o uso sustentável da biodiversidade brasileira, o fortalecimento da agricultura familiar, a geração de emprego e renda e o desenvolvimento industrial e tecnológico", explica Dr. Machado.

"Portanto, se trata de uma política ousada que envolve desde a Casa Civil até os Ministérios da Agricultura, Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Integração Nacional, Meio Ambiente e Ministério da Saúde", comenta o professor que também coordena a subcomissão de Marcadores e Padrões de Referência de Produtos Fitoterápicos. "Orquestrar todos esses setores, em uma época de mudança de Ministros, não deve ter sido tarefa fácil. Portanto, esperamos para muito breve novidades do Grupo de Trabalho instituído para elaborar o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos".


Principais entraves da nova política

Na opinião do Dr. Leandro Machado, a falta de validação do uso das plantas medicinais brasileiras é o maior entrave da Política Nacional de Plantas Medicinais.

"Iniciar um programa de fitoterápicos utilizando plantas importadas e validadas seria relativamente fácil. Bastaria o governo incluir na Rename medicamentos como o Ginkgo biloba, o Hypericum perforatum, e outros tantos medicamentos fitoterápicos que o Brasil importa. No entanto, dessa forma em nada seria atendido os objetivos sociais propostos nessa política. Continuaríamos sem utilizar o potencial de nossa flora, a gerar empregos no exterior, a gastar nossas divisas. Portanto, apesar de ser um caminho mais demorado, devemos sim priorizar as plantas nativas brasileiras ou pelo menos as que possam aqui ser cultivadas", defende Machado.

Apesar do Brasil deter um terço da flora mudial, possuir uma rica diversidade étnica e cultural, herdada dos negros, brancos e índios que aqui fundiram suas culturas formando um importante conhecimento etnofarmacológico, infelizmente nosso país enfrenta dificuldades para ampliar a produção de fitoterápicos e ainda não consegui uma atuação destacada no mercado mundial. O governo reconhece essa área como de interesse nacional, pretende realizar o financiamento adequado para gerar novos produtos e se tornar menos dependente de medicamentos importados. Até 2008, o Ministério da Saúde promete investir R$6,9 milhões para financiar projetos em práticas de saúde alternativas no SUS, através de parcerias público/ privadas para o desenvolvimento de bioprodutos.

Com mais de 55 mil espécies catalogadas, o Brasil possui a maior diversidade genética do planeta. "Aqui, além da riqueza em biodiversidade, temos uma rica diversidade étnica e cultural que detém o conhecimento na utilização das ervas e plantas medicinais", afirma o Dr. Leandro Machado. "Todo esse caldo de cultura demonstra que estamos sentados em um pote de ouro, enquanto gastamos nossas parcas divisas adquirindo medicamentos importados".

O professor lembra ainda que, recentemente, quando houve greve por melhores salários na receita federal e logo em seguida na vigilância sanitária, "vimos que somos um país completamente refém da importação de insumos e medicamentos. Em poucos dias de paralização já começaram a faltar medicamentos e "kits" de diagnóstico", reclama Leandro Machado. Para ele, "o desenvolvimento de medicamentos elaborados com a nossa rica fauna, representa, portanto, uma questão de independência da nação e de segurança nacional. Uma possibilidade de diminuirmos nossa dependência externa e também de alavancarmos nossa economia exportando os excedentes dessa produção e gerando divisas para nosso país. É imprescindível que haja investimento maciço do governo em pesquisas básicas e tecnológicas", revindica.


Opção pelos fitoterápicos

Fitoterápicos são medicamentos produzidos a partir de derivados vegetais como extrato, tintura, óleo, cera e suco. A industrialização da planta medicinal, com a obtenção dos seus derivados, é a transformação desse em medicamento fitoterápico. Esse processo de industrialização permite o desenvolvimento de um produto com segurança, eficácia e qualidade garantidas, além de produzir a quantidade e o modo de uso pela população.

"Temos assistido, nos últimos anos, o retorno crescente da fitoterapia, terapêutica, que até bem pouco tempo, era a base dos tratamentos, ainda presente na memória coletiva das populações. Atualmente, países como França, Alemanha, Suíça e Itália têm utilizado a fitoterapia de forma crescente, em perfeita harmonia com os medicamentos de síntese", relata o professor Leandro Machado. Alguns países classificam os fitoterápicos como suplementos nutricionais. O Brasil apresenta uma legislação moderna, que considera os fitoterápicos como medicamentos e requer o registro na Anvisa antes de sua comercialização.

"A utilização de um fitoterápico como medicamento se inicia com a padronização na sua produção. Deve ser desenvolvida uma fórmula mestra, que possa garantir que todos os lotes da produção irão gerar um produto com a mesma composição química, garantido assim a sua eficácia terapêutica e segurança no uso. Portanto, o profissional farmacêutico é parte essencial no crescimento da fitoterapia", alerta Leandro Machado, que acredita que preparar um medicamento fitoterápico de qualidade é mais difícil que produzir um medicamento de síntese, visto que o fitoterápico é um ser vivo, sujeito a mudanças climáticas e de solo, ataques de predadores, entre outras variações.

A principal medida da nova política foi a catalogação das plantas medicinais com potencial curativo. "Já existe uma lista com 14 espécies que irão ser utilizadas inicialmente. Para se chegar nessa lista, foi realizado um levantamento das espécies utilizadas nos programas estaduais e municipais já existentes no Brasil. Se cruzou essa lista com um levantamento das doenças mais prevalentes na população brasileira", revela o professor. Atualmente está em desenvolvimento a criação da base de dados sobre o conhecimento tradicional de plantas medicinais, contendo informações que irá orientar projetos de pesquisa para o desenvolvimento de produtos e organizará o seu registro, protegendo assim os detentores desse conhecimento.

"Estão sendo elaboradas monografias para garantir o uso seguro e eficaz desses produtos pela população. Os Laboratórios Oficiais já estão se mobilizando para garantir o fornecimento desses fitoterápicos. Portanto, está sendo rompida a inércia que nos encontrávamos e esperamos ter novidades para breve. Lógico que a cobrança da sociedade organizada em muito pode acelerar todo esse processo. Por isso, parabenizo esse órgão de divulgação pelo interesse no tema", elogia Dr. Leandro Machado.


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