O que é o IVFRJ
Porque o IVFRJ
Instituições Associadas
Localização
Conselho Consultivo
Atas
Cadastro
Equipe
Home

IVFRJ OnLine
.: Nova Edição
.: Edições Anteriores
Eventos
.: 2004
.: 2005
.: 2006
.: 2007
Biografias
Links
Notícias
Legislação
Sala de Leitura
O que são os IV's
Outros Institutos Virtuais
Fale Conosco

Associações, Conselhos & Sindicatos
Distribuidoras
Hospitais
Indústrias
Indústrias
.: Laboratórios
Laboratórios
.: Governamentais
.: Privados
ONG´S
Universidades
.: Instituições
.: Pesquisadores

Cenário Farmacêutico
.: Perfil Empresarial em Fármacos no RJ
.: Impacto Sócio-Econômico da Indústria Quimica - RJ
.: Dados IBGE - Pesquisa Industrial 2004
.: Pesquisadores por Km2 RJ/SP/MG


Cadeia Produtiva
Histórias

IVFRJ On Line - 44ª Edição
Ano III - 18 de abril de 2007
Substâncias psicotrópicas anorexígenas são questão de saúde pública

Por Lucia Beatriz


Convidada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANIVSA) a opiniar sobre a proposta de resolução que dispõe sobre o aperfeiçoamento do controle e fiscalização de substâncias psicotrópicas anorexígenas, a sociedade brasileira, de dezembro de 2006 a fevereiro deste ano, teve 60 dias para apresentar suas críticas e sugestões a respeito deste tema.

Em março, durante a divulgação do relatório anual da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (JIFE) - órgão ligado a Organização das Nações Unidas (ONU), a ANVISA anunciou que irá reforçar o controle sobre os medicamentos que inibem o apetite, assim como todos os outros medicamentos de tarja preta, e em alguns casos, também os de tarja vermelha, através da criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, a ser implantado até o fim do primeiro semestre de 2007.

O relatório da JIFE aponta o Brasil como o maior consumidor mundial de supressores de apetite, os anorexígenos anfetamínicos. O país, além de consumir, também é o maior produtor do mundo das substâncias anoréticas (anfepramona e femproporex) e não só consome tudo o que produz, como importou em 2004, quase que toda a produção mundial de femproporex (99,6%) - foi o que alertou a Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (SOBRAVIME), no documento em que enviou a ANVISA, em resposta a Consulta Pública n°89.

Em 1997, muitas substâncias anorexígenas, com fármacos símiles a anfetamina e seus produtos, foram proibidas de serem comercializadas em diversos países. Entre os motivos principais desta suspensão está a falta comprovação terapêutica quanto ao tratamento da obesidade a longo prazo, o desenvolvimento de tolerância e alto risco à saúde do paciente devido aos seus perversos efeitos colaterais. Apesar de terem indicação clínica questionável, os anorexígenos anfetamínicos, até final do ano passado, eram consumidos livremente no Brasil, sem exigência de retenção e, em muitas farmácias, de apresentação da receita médica.


Mudança de receituário

O texto da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da ANVISA não fala nem em proibição, nem em restrição das substâncias psicotrópicas anorexígenas, prevê apenas a alteração da notificação de receita azul (B), para receita amarela (A), que exige um trâmite mais burocrático, como a retenção da mesma nas farmácias e drogarias.

A RDC n°14 também veta a prescrição de fórmulas de dois ou mais medicamentos, seja em preparação separada ou uma mesma formulação, que contenham este tipo de substância associada entre si ou com compostos ansíolíticos, diuréticos, hormônios ou extratos hormonais e laxantes, bem como quaisquer outras associações com fármacos de ações simpatolíticas ou parassimpatolíticas.

Segundo ANVISA, a mudança de receituário fará com que o médico seja obrigado a retirar, no próprio órgão de vigilância sanitária, o talonário para a prescrição do medicamento e os talões sendo obrigatoriamente carimbados com a identificação do profissional, eliminará a possibilidade de fraudes.


Vantagens do novo sistema

No Brasil, o consumo abusivo de medicamentos controlados é agravado pela venda irregular, sem receituário; pela prescrição e aviamento de fórmulas emagrecedoras manipuladas contendo associações medicamentosas não recomendadas pelos Conselhos Federal de Farmácia e Medicina e também pela entrada de medicamentos contrabandeados no país. Por isso a Anvisa está propondo medidas sanitárias mais rígidas de controle da prescrição e venda dos inibidores de apetite, assim como outros fármacos de uso controlado.

Por meio do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, a ANIVSA pretende detectar eventuais abusos no processo de prescrição e venda, já que o mecanismo vai integrar os dados sobre receituário e comercialização ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. Atualmente, farmácias e drogarias precisam reter a receita desse tipo de medicamento e anotar os dados em um livro de registro, recolhido, periodicamente, pela ANVISA.

Com o novo sistema, as informações sobre a receita e a compra serão registradas on line, no ato da compra, dando agilidade à fiscalização. Desta forma será possível descobrir, com mais rapidez, se em um estabelecimento a venda de um tipo de produto está muito acima do padrão, ou se um profissional vem liberando, para um mesmo paciente, uma quantidade exagerada de receitas de um determinado medicamento.


Receita "A" seria a solução para o problema?

Segundo a Sociedade Brasileira de Vigilância em Medicamento (SOBRAVIME), no Brasil ainda não existem estatísticas disponíveis sobre a proporção de prescrições de anorexígenos anfetamínicos em relação à de fórmulas magistrais, sabe-se, entretanto, que é vultuosa a variedade de produtos industriais incluindo recentes produtos genéricos de cloridrato de anfepranoma. Em nosso país é freqüente a incoerência nas prescrições, o uso irracional é ainda agravado pela associação dos anfetamínicos com benzodiazepínicos, diuréticos, laxantes, hormônios tireodianos e até antidepressivos.

Mas será que a mudança de receituário e a criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados será suficiente para resolvermos o problema do uso indiscriminado de substâncias psicotrópicas anorexígenas em nosso país?

Talvez seja necessária uma conscientização tanto da moda, quanto da mídia, que impõe inalcançáveis padrões de beleza como que uma condição essencial para o ser humano ser feliz. Esse, prisioneiro de sua fantasia, acaba se valendo de fármacos inibidores de apetite, para suportar as tamanhas privações das dietas, a fim de tentar alcançar uma imagem perfeita.


FAPERJ

LASSBio

Desenvolvida por
Cúpula Informática
Visitantes: