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IVFRJ
On Line - 17ª
Edição
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Ano
II - 18 de agosto de 2005
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Debate com pesquisadores marca primeira palestra
do ciclo |
O
I Ciclo de Conferências do Instituto Virtual de
Fármacos do Rio de Janeiro começou com uma substituição
de última hora. Convocado pela governadora Rosinha
Mateus para uma reunião, o secretário de Ciência,
Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, Wanderley
de Souza ficou impossibilitado de apresentar sua palestra
na abertura do evento, no dia 16/8, na Academia Brasileira
de Ciências. Compareceu o superintendente de Desenvolvimento
Científico da Secretaria de CT&I, Eloi de Souza Garcia,
que falou sobre o programa Biodiversidade da Mata
Atlântica.
Segundo Eloi de Souza, a questão dos fármacos está
incluída neste programa, já que a maioria dos medicamentos
é derivada ou inspirada em vegetais, algo em torno
de 300 espécies. "Para o Estado esse programa é
estratégico. O objetivo é realizar o mapeamento e
caracterização da biodiversidade da Mata Atlântica
do Rio de Janeiro. É mais que fazer um levantamento
taxonômico. A alma deste trabalho está em conhecer
a atividade biológica das espécies, os compostos bioativos
de plantas e microorganismos. A biodiversidade desconhecida
tem valor zero. Essa é uma preocupação política do
governo do Estado", disse.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam
que 80% da população do planeta usa de algum modo
plantas medicinais. Estima-se que 25 mil espécies
de plantas são usadas como medicamentos. "O uso
de plantas com o objetivo medicamentoso é muito antigo,
vem desde a pré-história. Em algumas escavações arqueológicas,
por exemplo, sementes e outros vegetais foram encontrados
ao lado de restos humanos", afirmou Eloi de Souza.
No Brasil existe cerca de 30 a 450 mil espécies de
plantas catalogadas, dessas apenas um pouco mais de
mil são estudadas. É um sinal de que pouco se sabe
sobre a biodiversidade do país. E de acordo com especialistas,
a Mata Atlântica concentra muito mais biodiversidade
do que a floresta Amazônica.
"Os dados demonstram que precisamos investir muito
em nosso país e no nosso estado. Gostaria de estender
ainda mais este programa de mapeamento da biodiversidade
na busca de fitofármacos e marinofármacos, substâncias
bioativas de organismos vegetais e marinhos farmacologicamente
ativos", explicou o superintendente.
Eficácia, segurança e qualidade
Numa primeira convocação para o programa de mapeamento
e caracterização da biodiversidade da Mata Atlântica
do Rio de Janeiro, a secretaria de CT&I recebeu resposta
de 55 grupos de pesquisa instalados no estado. "O
programa está orçado em R$ 2 milhões, e fizemos inclusive
uma solicitação a FINEP (Financiadora de Estudos e
Projetos), além de já contarmos com uma liberação
inicial da governadora de R$ 150 mil", informou
Eloi de Souza.
Animado com as possibilidades do programa, o superintendente,
porém se mostrou preocupado com uma questão que atinge
muitos produtos. "Um dos problemas com os fitoterápicos
é o controle de qualidade. Hoje já existem algumas
definições que permitem fazer um controle mais adequado,
mas os fitoterápicos, muitas vezes, são produzidos
de maneira empírica, quando na verdade deveriam estar
baseados no tripé Eficácia, Segurança e Qualidade
do medicamento" afirmou ele.
Eloi de Souza encerrou sua palestra convocando os
pesquisadores a participar dos programas políticos
de CT&I do governo do estado. "Vale a pena ouvir
e discutir com a comunidade científica" disse.
A resposta foi imediata. Os pesquisadores presentes
se manifestaram na forma de perguntas e sugestões,
instalando um debate sobre o desenvolvimento de políticas
farmacêuticas e inovação para o Rio de Janeiro.
Eis alguns exemplos:
"A
Mata Atlântica precisa ser preservada
e aumentada, mas precisamos de uma política
de proteção para nossas descobertas e
um canal com o setor produtivo". |
Sonia
Soares Costa
Diretora do NPPN/UFRJ
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"Biodiversidade
é uma questão afastada da área de inovação
de fármacos. Uma questão urgente é a da
propriedade intelectual". |
Ayres
Guimarães Dias
UERJ
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"Falta
uma política em termos de fármacos. Isso
é estratégico. Falta apostar na capacidade
nacional". |
Cláudio
Costa Neto
Instituto de Química/UFRJ
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"Nós
temos uma política de produção e não temos
uma de proteção. Devemos mudar isso".
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Vitor
Francisco Ferreira
Instituto de Química/UFF
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As últimas palavras do evento foram do professor Eliezer
Barreiro, coordenador do IVFRJ, que fez os agradecimentos
a todos os presentes e a acolhida da Academia Brasileira
de Ciências. "O programa de mapeamento da Mata
Atlântica servirá para conhecermos nosso patrimônio
genético. Sem dúvida, esse conhecimento é para ser
trabalhado e transmitido às gerações futuras. Nosso
Instituto Virtual assume o desafio lançado pelo Dr.
Eloi de Souza com o objetivo de termos um programa
de Fármacos para o Rio de Janeiro, com a participação
da comunidade científica. Temos consciência de que
isso é fundamental para o desenvolvimento científico
e tecnológico de nosso estado", disse.
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