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IVFRJ On Line - 29ª Edição
Ano II - 05 de maio de 2006
Artigo
Ciência e animais de laboratório

Artigo de Renato Sérgio Balão Cordeiro

Esperamos que os vereadores da cidade do RJ, que tem uma das maiores concentrações de Instituições de C&T do Brasil, tenham orgulho desse fato e, seguindo o exemplo de Oswaldo Cruz no inicio do século passado, ajudem a transformar nossa cidade no grande templo da ciência nacional.

Vivemos uma ocasião de grande reflexão, no momento quando a comunidade cientifica brasileira junto com membros da Academia Brasileira de Ciências e a SBPC se mobilizaram, apresentando sólidos argumentos para que o Prefeito da Cidade do RJ vetasse Projeto de Lei da Câmara dos Vereadores, que proibia pesquisas com animais de laboratório.

Esse projeto paralisaria quase que integralmente as atividades de investigação em instituições de pesquisa como a Fundação Oswaldo Cruz e em Universidades Federais e Estaduais com grande prestigio nacional e internacional, sediados em nossa cidade.

Consciente que a população carioca não aprovaria uma Lei que prejudicasse a saúde dos seus filhos e da população em geral, e que muitos dos vereadores, segundo soube, votaram favoravelmente ao projeto por uma problema de informações equivocadas, gostaria de fazer algumas considerações sobre o assunto.

O início da experimentação animal deu-se em meados do século XIX quando foram realizados as pesquisas que levaram ao descobrimento dos anestésicos gerais.

Passados mais de 150 anos, em todos os países, descobertas fundamentais para a humanidade foram realizadas, milhões de mortes foram evitadas graças a utilização dos animais, seja no campo da hipertensão arterial, no câncer, nas patologias cerebrais (exs. doenças de Parkinson e Alzheimer, retardamento mental), doenças parasitárias e infecciosas, na descoberta de novas vacinas (pólio, sarampo, difteria, tétano, hepatite, febre amarela, meningite etc...), na descoberta do DNA e de novos medicamentos, antibióticos, antivírais, fármacos para o controle da dor e da asma, para o tratamento da ansiedade e distúrbios do sono, antiinflamatórios e analgésicos, hipnóticos e sedativos, antidepressivos, antiarrítmos, diuréticos, hormônios anticoncepcionais, quimioterápicos, antidiabéticos (insulina) etc.

Jamais chegaríamos ao estado atual das pesquisas com células-tronco, uma das grandes esperanças da humanidade, na cardiologia e em outras patologias, se os animais de laboratório não tivessem sido utilizados numa fase preliminar nos laboratórios da nossa cidade, e sempre é bom lembrar que todos os avanços da ciência no campo da terapêutica também beneficiaram nossos animais domésticos.

É fundamental esclarecer à população e aos vereadores que se experiências com animais fossem proibidas na nossa cidade todos os esforços para descobrir vacinas para a Dengue, a Aids, a Malária, a Leishmaniose etc seriam jogados literalmente no lixo.

E vacinas já produzidas na Fiocruz não poderiam ser utilizadas, pois o controle de qualidade de medicamentos, cosméticos e vacinas virais (hepatite e raiva) e bacterianas (DPT, meningite, BCG), executado no Instituto Nacional de Controle e Qualidade de Saúde (INCQS), da Fiocruz, também é realizado em animais de experimentação. Somente após o referido controle os lotes de vacinas podem ser liberados para uso de forma segura pela população.

O cientista é um profissional que tem a ética e a transparência como princípios básicos para as atividades desenvolvidas no Laboratório. Para que pesquisas que utilizem animais sejam aprovadas, o investigador tem que submeter seus protocolos e projetos a rígidos e exaustivos processos de análise dos “Comitês de Ética no uso de Animais de Laboratório”, existentes nas Instituições brasileiras.

Estes Comitês de Ética têm princípios básicos bem explicitados, verdadeiros dogmas, que dizem que a dor e o sofrimento desnecessários são inaceitáveis; deve-se escolher sempre que possível métodos alternativos, ou seja, formas de estudo que não utilizem animais; deve-se utilizar o menor número possível de animais necessários para obtenção de resultados válidos; a utilização de animais em pesquisa deve estar condicionada à relevância científica e à adequação do método de estudo; o pesquisador deve ser treinado para fazer experimentação em animais, e é responsável pelo seu bom uso; o transporte, as acomodações e o trato dos animais devem ser feitos com o mínimo de estresse, de forma que seu equilíbrio biológico seja preservado.

Nossa esperança é que com o avanço cada vez maior da tecnologia progressivamente os animais deixem de ser utilizados pela pesquisa/medicina experimental.

Torcemos para que em futuro próximo este ideal seja alcançado com a descoberta de novas metodologias e equipamentos. Neste momento, porém, somente em alguns poucos casos a Biologia Celular e Molecular através de técnicas de Cultura de Tecidos nos dá essa possibilidade.

Esperamos que os vereadores da Cidade do RJ, que tem uma das maiores concentrações de Instituições de C&T do Brasil, tenham orgulho desse fato e seguindo o exemplo de Oswaldo Cruz, no inicio do século passado, ajudem a transformar nossa cidade no grande templo da ciência nacional.

Renato Sérgio Balão Cordeiro é pesquisador titular e chefe do Depto. de Fisiologia e Farmacodinâmica da Fundação Oswaldo Cruz, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da CTNBio.

Reprodução do artigo enviado ao JC e-mail e publicado em 19 de Abril de 2006.


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