Pílula contra alcoolismo começa a ser produzida
no Brasil |
O Revia, considerado nos EUA o medicamento mais
atualizado para o tratamento dos dependentes do
álcool, começa a ser produzido no Brasil. O laboratório
Cristália, que antes importava o medicamento diretamente
do fabricante (laboratório Dupont Pharma), desenvolveu
e passou a produzir localmente o seu princípio ativo
- cloridrato de naltrexona -, o que representou
uma queda de mais de 50% em seu preço de venda.
A caixa com 30 comprimidos do Revia, suficiente
para um mês de tratamento, que era comercializada
a um custo de R$500,00, agora chega às farmácias
por R$233,83. Ainda caro, entretanto, o medicamento,
em muitos casos, pode ser mais barato que a manutenção
do próprio vício.
De acordo com o diretor médico do laboratório Cristália,
Dr. Jorge Afiune, o mecanismo de atuação do Revia
age preferencialmente numa determinada região do
cérebro responsável pelos sintomas de prazer e euforia,
conseguindo bloquear os receptores da endorfina,
de modo que o dependente vai perdendo gradativamente
o desejo de beber. "Esta é a grande propriedade
do remédio, diminuir a fissura, ou craving,
como também é chamada a necessidade desesperada
pela bebida", explica o Dr. Afiune.
Com a aprovação da substância naltrexona
pelo FDA (Food and Drug Administration),
o tratamento do alcoolismo ganhou uma importante
inovação. Antes, era usado o dissulfiram,
princípio ativo extremamente agressivo que não diminui
a vontade de beber, mas provoca reações violentas
no organismo quando misturado ao álcool. O cloridrato
de naltrexona inibe a sensação de prazer proporcionada
pela ingestão do álcool e vem recebendo destaque
devido ao seu perfil de segurança e eficácia, com
efeito terapêutico não associado ao desenvolvimento
de tolerância ou dependência. O medicamento não
é recomendado para pacientes com insuficiência hepática
e suas reações adversas são bem menos agressivas
que o dissulfiram, podendo provocar náuseas e dor
de cabeça em 2 a 10% dos casos.
O Revia age quatro horas após sua ingestão e, a
cada dia, bloqueia, cada vez mais, os sintomas "euforizantes",
o que permite ao dependente recuperar, gradativamente,
as perdas nas esferas pessoal (física e psíquica),
social, econômica - como a atenção, a coordenação
motora, o raciocínio, a capacidade de trabalho,
o relacionamento social e familiar, e até suas condições
nutricionais. O medicamento, que tem uma proposta
de tratamento de até um ano, entretanto, sozinho
não é suficiente. Dr. Jorge Afiune ressalta que
o Revia é coadjuvante e precisa de outras abordagens
multidisciplinares. "Atualmente tem sido adotadas
propostas de tratamento que incluem psicoterapia
individual ou em grupo, psicoterapia familiar, terapia
ocupacional, musicoterapia e outras formas que apóiem
o tratamento das co-morbidades possíveis, como depressão,
fobia social, ansiedade e hiperatividade, entre
outras", completa o diretor médico.
Programa de atualização para a classe médica
De capital totalmente nacional, a empresa, fundada
em 1972, é uma das maiores produtoras de matérias-primas
dentre os laboratórios do país e é na Farmoquímica
que recebe destaque. Para isto, a Cristália conta
com parcerias importantes de centros de pesquisa
nacionais, como Far-Manguinhos, UNICAMP, USP, UFRJ,
UFMG e Instituto Butantan.
O laboratório também possui um projeto de programas
e ações com o objetivo de promover a atualização
da classe médica. Com início previsto para o próximo
mês (outubro de 2006), a Cristália prevê a realização
de palestras, com formadores de opinião em oito
capitais brasileiras, e a criação de Espaços Revia,
para cerca de 10 reuniões por mês de grupos de médicos
interessados em tratar alcoolismo com psiquiatras
especializados, discussão do tema e de casos.
"Este projeto vai disseminar dados atualizados do
problema e mostrar as várias maneiras de se tratar
o alcoolista, mostrar como avaliar se outras doenças
podem ser causa ou conseqüência do alcoolismo, e
também permitir aos profissionais médicos das mais
variadas especialidades o acesso a informações detalhadas
sobre diagnóstico, programas de tratamento e mecanismo
dos medicamentos, o que a maioria conhece apenas
no papel" ressalta Dr. Afiúne, diretor médico da
instituição.
Serviço:
DAC Cristália 0800 70 1 19 18
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