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IVFRJ On Line - 38ª Edição
Ano III - 17 de novembro de 2006
Marketing de medicamentos estimula automedicação

Por Lucia Beatriz

A propaganda dos medicamentos, veiculada de forma enganosa e abusiva nos meios de comunicação, se constitui em um dos principais incentivos à prática da automedicação no país. A freqüente associação da saúde, com o uso de medicamentos, promovida pelo tripé formado pela indústria farmacêutica, agências de publicidade e empresas de comunicação, estimulam o imaginário curativo da população brasileira que acredita na ciência e tecnologia manifestada através de pílulas.

"A crença de que uma pílula seja capaz de eliminar ou diminuir, no mínimo, amenizar quaisquer problemas é fator determinante para a decisão de adquirir e consumir medicamentos", discorre a pesquisadora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Marilene Cabral do Nascimento, em seu livro "Medicamentos: ameaça ou apoio à saúde". Segundo a autora, a propaganda intensa nos meios de comunicação, sem os alertas sobre os riscos decorrentes do uso dos medicamentos indicados, representa não apenas um contínuo processo de deseducação da população, mas também uma agressão à saúde pública.

José Augusto Cabral de Barros, professor do Departamento de Saúde Social da Universidade Federal de Pernambuco, em sua publicação "Propaganda de Medicamentos: atentado à saúde?", ressalta que a produção de bens e serviços, no contexto da lógica do mercado foi, em forma crescente, erigindo o acesso ao consumo como estratégia básica para o desfrute de níveis satisfatórios de bem-estar. "Tanto é assim que bons níveis de saúde passaram a ser vistos, igualmente, como resultante do acesso a tecnologias diagnóstico-terapêuticas. A eficácia e a efetividade destas últimas têm sido cada vez mais associadas ao grau de sofisticação técnica empregada, tendo sido o mais recente exame laboratorial ou o fármaco de mais recente lançamento identificado como o melhor e o mais apto a 'brindar solução para os meus problemas' ", completa o professor Cabral.

A propaganda pode influenciar tanto no autoconsumo quanto na prescrição médica. Muitos profissionais de saúde acabam receitando novidades, influenciados pela propaganda dos laboratórios, não dando prioridade para receitar os medicamentos essenciais definidos pela Relação Nacional de Medicamentos e acompanhados pelos comitês de farmácia e terapêutica.

Grande parte das matérias veiculadas pelos meios de comunicação de massa trazem as novas terapias medicamentosas como verdadeiros milagres na área da saúde, apresentam inúmeras vantagens, porém poucos textos informam sobre as contra-indicações, reações adversas e restrições de uso dos medicamentos anunciados. Informações essenciais que poderiam evitar a automedicação e o uso indiscriminado dos medicamentos são negligenciadas ao público por serem considerados, do ponto de vista publicitário, como uma contrapropaganda do marketing medicamentoso.


Regulação da propaganda de medicamentos

A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC N°102/00) da Anvisa e a lei 6.360/76 proíbem a propaganda de medicamentos de venda sob prescrição médica, os de tarja preta e vermelha, para o público. A divulgação desses medicamentos só pode ser feita se destinada exclusivamente a médicos, dentistas, veterinários e farmacêuticos. Para a população em geral, permite-se apenas a publicidade de medicamentos sem exigência de receita. As classes terapêuticas com maior incidência de propaganda e, conseqüentemente, mais sujeitas à prática da automedicação são os antibióticos (26%) e os antiinflamatórios (27%).

As propagandas devem se submeter às disposições legais que estabelecem critérios para a divulgação, promoção ou comercialização de medicamentos de produção nacional ou importado. É proibido estimular o uso indiscriminado do medicamento, assim como o uso de linguagem direta ou indireta relacionando o uso do fármaco ao desempenho físico, intelectual, emocional, sexual ou a beleza de uma pessoa, exceto quando forem propriedades aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Os problemas mais freqüentes encontrados nas peças publicitárias são:

Não informar as contra-indicações;
Não informar reações adversas e interações medicamentosas;
Sugerir a ausência de efeitos colaterais;
Anunciar produtos sem registro;
Realizar comparações sem a comprovação de estudos clínicos.


Projeto de Monitoração da Propaganda

Resultado de um convênio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com 19 universidades de todo o país, o projeto de Monitoração da Propaganda acompanha e faz a análise, do ponto de vista legal e farmacológico, da propaganda e publicidade de medicamentos em diferentes veículos de comunicação. Além de monitorar anúncios, as instituições conveniadas também realizam ações de educação regional com escolas do ensino básico, universitário e junto à comunidade.

De acordo com dados do projeto, cerca de 90% dos comerciais de medicamentos apresentam alguma irregularidade. A situação é mais alarmante na publicidade direcionada a médicos e farmacêuticos. Quinze por cento de 1,5 mil propagandas de medicamentos de venda sob prescrição analisadas pela ANVISA não apresentavam cuidados e advertências, 14% não alertavam sobre as contra-indicações e mais 10% continham informações sem comprovação de estudos científicos.

O desenvolvimento do projeto é importante para a consolidação do Sistema Nacional de Informações e Vigilância Sanitária no qual se insere a fiscalização permanente da publicidade de medicamentos. Contribuir para o aperfeiçoamento das medidas regulatórias e para a implementação de políticas de educação e conscientização que estimulem uma postura crítica da população em relação aos medicamentos são objetivos inerentes ao projeto. O usuário bem orientado está menos exposto aos riscos pelo uso indevido com o medicamento.


Fragilidade da legislação atual contribui para automedicação

O frágil modelo regulatório da propaganda de medicamentos no Brasil é analisado pelo jornalista Álvaro Nascimento no livro "Ao persistirem os sintomas o medico deverá ser consultado. Isto é regulação?". Para o autor, a propaganda feita hoje entra em clara contradição com a atual Política Nacional de Medicamentos, segundo a qual o uso de produtos farmacêuticos deve ser dar de forma racional, ética e correta, preconizando o "controle da propaganda dos medicamentos de venda livre".

Uma de suas maiores críticas em relação à legislação vigente (RDC N°102/00) concentra-se na obrigatoriedade de, ao final de cada propaganda, estampar a frase: "AO PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO". Para Álvaro Nascimento, a mensagem, na verdade, deseduca e estimula à automedicação e ao consumo irracional, incorreto e inconsciente, porque induz a somente procurar um médico após ter tomado primeiro o medicamento. Na sua opinião, a frase correta deveria ser "ANTES DE CONSUMIR QUALQUER MEDICAMENTO, CONSULTAR UM MÉDICO".

Devido ao histórico descumprimento das seguidas legislações por parte da indústria farmacêutica e das agências de publicidade, Álvaro Nascimento defende a proibição total da propaganda de medicamentos como um instrumento de proteção da sociedade contra abusos do poder econômico.


ANVISA anuncia revisão das normas de regulação

A automedicação é um hábito que preocupa autoridades sanitárias não apenas do Brasil, mas do mundo inteiro. Uma das determinações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o triênio de 2004-2007 é que os países membros se comprometam a tomar medidas para mudar o atual panorama do uso inadequado de medicamentos.

Em uma parceria inédita no país, prescritores, dispensadores e agentes de monitoração e fiscalização reuniram-se para debater a influência da propaganda e o uso racional de medicamentos em diversos seminários realizados nas cinco regiões brasileiras. Nos encontros foram apresentadas críticas e sugestões para ajudar na formulação de um plano nacional regulatório para a propaganda de medicamentos. A ANVISA está realizando uma revisão das normas que regulam esse tipo de anúncio no Brasil e, nos próximos meses, será divulgada uma proposta para atualizar as regras do setor.

 


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