VI Encontro Internacional dos Profissionais
de Vigilância Sanitária |
Palestrantes
apresentam panorama detalhado do setor regulatório
farmacêutico
A cidade do Rio de Janeiro sediou, de 6 a 8 de dezembro,
o VI Encontro Internacional dos Profissionais de Vigilância
Sanitária, no Hotel Le Meridien, em Copacabana. Com
o tema "
Ações Regulatórias de Vigilância Sanitária
no Mundo Globalizado - fundamentos e perspectivas",
o evento reuniu autoridades ibero-americanas em Vigilância
Sanitária, e profissionais de instituições públicas
e privadas, dos setores regulatórios e regulados,
para discutir importantes temas relacionados à área
de alimentos, cosmética, farmacêutica e equipamentos
médico-hospitalares.
Considerado um dos mais importantes eventos do setor
regulatório da América Latina, o encontro internacional
é realizado, todos os anos, pela Associação Brasileira
dos Profissionais de Vigilância Sanitária (ABPVS)
e em 2006, encontra-se em sua sexta edição. "O esforço
de um evento como este é capacitar o profissional,
sobretudo valorizar e fortalecê-lo dentro do sistema
para que ele seja reconhecido no setor público e privado,
como fundamental para garantir as políticas públicas
de saúde", ressalta Dra. Eliana Silva de Moraes, presidente
da ABPVS.
Os assuntos ligados à vigilância sanitária são de
interesse público e todos os cuidados da regulamentação
são tomados a fim de proteger e assegurar a qualidade,
eficácia e segurança dos produtos e serviços oferecidos
à população. Na pré-conferência dos Profissionais
de Vigilância Sanitária do setor público, realizada
no dia 6 de dezembro, a legislação sanitária brasileira
foi esmiuçada hierarquicamente entre os níveis de
competência federal, estadual e municipal. As diferenças
legislativas presentes entre uma Portaria e um Decreto
e em quais situações uma prevalece sobre a outra,
ou são complementares, foram ilustradas com casos
reais já levados a juízo.
No painel de abertura do VI Encontro Internacional
dos Profissionais de Vigilância Sanitária foram discutidas
estratégias e perspectivas para o sistema baseado
em modelos positivos alcançados por vigilâncias locais
e internacionais. O fortalecimento do profissional,
maior agilidade e desburocratização dos procedimentos
foram alguns aspectos abordados na palestra do Dr.
João Manoel de Almeida Pedroso, superintendente da
Vigilância Sanitária do município do Rio de Janeiro,
que demonstrou como a produtividade pode ser implementada
no setor público. Já o modelo de vigilância de medicamentos
de Portugal, o Infarmed, foi apresentado pelo professor
da Faculdade de Farmácia e Pró-reitor da Universidade
de Coimbra, Dr. Francisco Veiga, que falou sobre os
procedimentos de registro de medicamentos em Portugal
e também em países da União Européia.
Novas oportunidades para os farmacêuticos
A área farmacêutica foi contemplada com um painel
específico no evento. "Processos e procedimentos de
registro, regulamentação, fiscalização e controle
de produtos farmacêuticos e cosméticos" foi a temática
sugerida a seis palestrantes, que apresentaram um
panorama detalhado do setor regulatório farmacêutico,
sob seus diversos aspectos. A importância da atualização
do conhecimento em relação às normas vigentes de vigilância
sanitária, tanto brasileiras como estrangeiras, foi
um ponto comum levantado durante as palestras, como
ferramenta, básica e essencial, para os profissionais
que querem se diferenciar no mercado.
Uma ciência que está despertando o interesse tanto
do setor regulado, como regulatório, mas que ainda
carece de profissionais especializados é a farmacoecomomia.
"A análise farmacoeconômica está para começar a fazer
parte dos processos de registro dos medicamentos,
já é muito utilizada pela indústria farmacêutica para
avaliar a viabilidade dos novos fármacos e atualmente
temos poucos profissionais nas empresas para a condução
deste tipo de estudo. É um importante nicho de trabalho
ainda a ser explorado pelos profissionais", explica
Dr. Wilson Follador, gerente de farmacoeconomia dos
Laboratórios Pfizer. "O problema é que no Brasil ainda
não se tem um curso específico de farmacoeconomia,
ela é apenas um módulo inserida dentro de outros cursos",
adverte o farmacêutico.
A transferência de tecnologia no setor farmacêutico
também foi apresentada como uma área interessante
para se aprimorar conhecimentos. Dr. Antonio Oswaldo
Coutinho, diretor geral da Visanco Consultoria, alertou
para a possibilidade de parcerias público-privadas,
estimuladas pela lei nº11.079, 30 de dez. 2004. "Praticamente
nenhum dos laboratórios oficiais estão investindo
em pesquisas - à exceção de Farmanguinhos, com os
fitoterápicos - dependem da parceria com os laboratórios
privados. Esta parceria vai gerar retorno para ambas
as partes. É necessário dominar a legislação para
poder aproveitar as vantagens, como possibilidade
de captação de incentivos fiscais, isenção de Pis,
Cofins, e impostos de importação, aprender a lidar
com os editais de licitação também é importante" disse
o diretor da Visanco, que lembra ainda que a transferência
de tecnologia farmacêutica pode se dar entre empresas
privadas (parceria privada-privada) e instituições
públicas (parceria pública-pública) como as realizadas
entre as Universidades Públicas e os laboratórios
oficiais.
A necessidade de se estudar as normas regulatórias
de cada país foi tema do painel "Harmonização e uniformização
dos procedimentos regulatórios sanitários", que abriu
a discussão do último dia de evento. "Ao se estudar
a nomenclatura você reconhece os termos identificando
os pontos comuns de cada legislação sanitária, já
é uma forma de harmonizar", explicou Alejandro Meneghini,
da
Associción Argentina de Farmácia y Bioquímica
Industrial (Safybi). "É uma oportunidade de fortalecimento
e valorização do profissional. A ABPVS recebe sempre,
de diversos países interessados em tecer relações
comerciais com o Brasil, pedidos de currículos de
profissionais brasileiros que entendam da legislação
de seus países", revela Dra. Eliana de Moraes, advogada,
presidente da Associação Brasileira de Profissionais
de Vigilância Sanitária.
Um mercado de trabalho promissor para os farmacêuticos
- foi o panorama apresentado pelos representantes
da comitiva de Portugal, da Faculdade de Farmácia,
da Universidade de Coimbra. "Em Portugal o emprego
é bom, 99% dos farmacêuticos estão empregados. O 1%
representa aqueles que estão sem trabalhar, mas estão
se especializando, fazendo doutorado. Países europeus
também estão contratando recém formados de nossa faculdade
para trabalhar em seus territórios", disse o professor
João José Martins Simões de Souza, que aproveitou
para ressaltar o fato da Anvisa e Infarmed estarem
se aproximando em ações no setor regulatório em virtude
de entendimentos comuns estabelecidos por conta da
diplomacia entre Brasil e Portugal.
Prêmio ABPVS
Durante o VI Encontro de Profissionais de Vigilância
Sanitária foi entregue o Prêmio ABPVS aos profissionais,
entidades públicas e privadas de destaque no setor
regulatório sanitário de 2006. No site
http://www.abpvs.com.br
está disponível a relação completa dos vencedores
das 24 categorias do Prêmio ABPVS, que teve votação
realizada pela internet e está em sua quarta edição.
Criada em 1997, a Associação Brasileira dos Profissionais
em Vigilância Sanitária - ABPVS, tem como missão promover
a modernização do setor no Brasil através de cursos,
encontros e workshops que auxiliem na formação do
profissional do setor público e privado da área regulatória
em Vigilância Sanitária, estimulando uma postura pró-ativa
destes a partir da valorização da auto-estima e disseminação
de informações, tecnologias e metodologias. Atualmente
a Associação está promovendo um curso de capacitação
em Vigilância Sanitária em parceria com a Universidade
de Coimbra.
A cada ano, a ABPVS realiza uma missão técnica com
o objetivo de conhecer sistemas regulatórios de diferentes
países. As últimas missões foram realizadas em Portugal
e na Argentina. A próxima será em 2007, no Chile.
Todos os profissionais do setor estão convidados a
participar da missão técnica que irá comemorar os
10 anos da instituição.